A Bolívia, que atualmente exporta gás natural para o Brasil e a Argentina, pode se tornar uma importadora do combustível até 2030, segundo um estudo da consultoria de energia inglesa Wood Mackenzie. O relatório aponta que a produção de gás boliviano está em declínio acelerado devido ao envelhecimento dos campos produtivos e à falta de novas descobertas.
De acordo com o estudo, a produção de gás da Bolívia deve cair dos atuais 39 milhões de metros cúbicos por dia em 2022 para 11 milhões de m³/dia em 2030.
Amanda Bandeira, analista de Upstream da América Latina da Wood Mackenzie, disse que a demanda doméstica na Bolívia consome cerca de 30% da oferta total de gás.
“Até 2030, a demanda doméstica provavelmente superará essa oferta e podemos ver a Bolívia se tornar um importador”, afirmou.
O estudo também alerta para o impacto do declínio da produção no mercado de exportação. O gás natural é um setor crucial para a economia boliviana, sendo as exportações para Brasil e Argentina responsáveis por mais de 70% das vendas totais de gás e 20% das exportações totais.
Henrique Anjos, analista de Gás e Energia para América Latina da Wood Mackenzie, afirmou que a interrupção das exportações tende a afetar mais o Brasil.
“A Argentina expandiu sua produção, reduzindo a importância do gás boliviano, mas o Brasil ainda requer muitas importações”, disse.
O Brasil é um grande produtor de gás natural por causa do pré-sal, mas metade da produção é devolvida aos poços pela Petrobras. A reinjeção é feita, na maioria dos casos, para aumentar a extração de óleo, que é mais valioso comercialmente. A estatal brasileira também afirma que limitações pontuais e falta de mercado justificam o índice de reinjeção.