Corumbá (MS)- Após gestões catastróficas terem literalmente sucateado a administração da Santa Casa de Corumbá, o Corpo Clínico anunciou que deverá deixar de compor as escalas de plantões da única unidade de saúde pública de Corumbá a partir de janeiro de 2023.
De acordo com documento gerado após reunião realizada na Associação Médica de Corumbá, no dia 30 de novembro, ficou definido que a situação está insustentável.
O documento classificou como “catastrófica” a atual situação da Associação Beneficente administrada até meses atrás, única e exclusivamente por gestores indicados pelo Prefeito Marcelo Iunes.
A decisão foi enviada por meio de um comunicado destinado a Prefeitura de Corumbá nesta quinta-feira, 15 de dezembro. Uma cópia também foi enviada ao Governo do Estado e para gestão da junta interventora que administra o hospital de caridade.
O documento detalha as condições de precariedade e falta de controle demonstrando a incapacidade de se exercer com qualidade mínima o exercício da profissão médica.
Entre os problemas citados estão o atraso ou completa falta de pagamento dos honorários médicos, tendo os profissionais trabalhado sem ao menos ter uma data ou expectativa de receber pelos serviços prestados, a falta de insumos básicos para atendimento, falta de medicamentos, equipamentos e por fim, o recente anúncio do fechamento de 10 leitos de CTI, em meio ao retorno do aumento de casos de Covid-19 em todo país.
Baseados dentro do código de ética médica (CEM), o corpo clínico reafirmou o direito médico a se recusar de exercer a profissão dentro de instituições públicas ou privadas que não concedam condições de trabalho, ou que possam prejudicar a saúde do médico e dos pacientes.
O comunicado também foi encaminhado ao Ministério Público Estadual e Federal, Conselho Regional de Medicina e aos Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul.
Hospital Precário
A situação que há muito tempo é considerada precária, se agravou ao longo dos últimos seis anos da atual administração Marcelo Iunes.
Com indicações polêmicas para membros que administraram a junta interventora, a Santa Casa de Corumbá foi alvo nos últimos anos de ações judiciais e investigações no âmbito do Ministério Público Estadual e Federal, que demonstrou por meio de auditoria, desvio de recursos, contratos fantasmas e até a compra de equipamentos para uso pessoal, com dinheiro público.
A unidade também é vista como um cabide de empregos para atual administração que inflou a folha de pagamento com indicações contestadas por funcionários do hospital.
A falta de transparência é outro problema recorrente e que desafia até mesmo recomendações do Ministério Público Federal. Até hoje, o portal da transparência não foi implementado e a população não tem como conferir como é gerido os recursos públicos destinado à administração da Santa Casa.
As nomeações do Prefeito Marcelo Iunes para gestores comandarem a junta interventora, colaboraram para o sucateamento do único hospital público da região. Entre eles o próprio irmão, responsável por gerir um orçamento milionário enviado pelo governo federal para combate da Covid-19 e exonerado do cargo por força de uma ação da justiça.
O último escolhido de Iunes para assumir a junta interventora da Santa Casa foi Adriano Antônio Pires, investigado pelo GAECO por participar de um esquema criminoso que teria promovido o desvio de recursos públicos em entidades culturais de Mato Grosso do Sul.
Adriano foi desligado da função após uma auditoria realizada na Santa Casa, apontar uma série de irregularidades e desvio de recursos, bem como a compra de equipamentos de tecnologia para uso pessoal. Ele se mudou às pressas da cidade logo após a divulgação do resultado da auditoria.
Confira a lista de denuncias e reportagens que mostram ao longo dos últimos anos a situação de precariedade e descaso a gestão pública com a Santa Casa de Corumbá
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