Nasceram os primeiros gêmeos de um casal gay no Brasil gerados com a genética dos dois pais. A realização foi possível após a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que permite utilizar óvulos de parentes, de até quarto grau, para gerar bebês. Marc e Maya chegaram ao mundo nesta quarta-feira, através da barriga solidária da prima de Gustavo Catunda e Robert Rosselló, que estão juntos há 10 anos.
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Muito desejados pelos pais, a história dos gêmeos começou no ano passado, quando, através das redes sociais, Gustavo pediu para a prima, Lorenna Resende, ser a barriga solidária do casal. Sem hesitar, ela disse que sim, dando início aos procedimentos de fertilização in vitro.
Maya nasceu primeiro, às 11h08, com 45 cm e 2,3kg. Dois minutos depois, às 11h10, Marc veio ao mundo com 44,5cm e 2,3kg.
Hoje foi sem dúvidas o dia mais longo e mais emocionante das nossas vidas. O sentimento é impossível de se descrever. Não, nunca sentimos nada que se comparasse ao sentimento que tivemos hoje! Nosso amor de casal, que já era o maior do mundo, agora tomou uma proporção imensurável. O amor de uma família que se formou hoje. Nosso maior legado! — escreveram Gustavo e Robert nas redes sociais.
Desde que resolveram que queriam ser pais, o casal tinha o sonho de usar a combinação de material genético de ambos. No entanto, em 2015, descobriram que não iam poder usar o óvulo da irmã de Gustavo por conta das leis do Brasil na época. A legislação prevista permitia apenas que a doação de material genético fosse feita de forma anônima, sem saber a procedência biológica da doadora.
Com a alteração da norma do CFM, os bebês puderam ser gerados a partir do óvulo da irmã de Gustavo, Camila Catunda, o sêmen de Robert e a barriga de Lorenna.
Nas redes sociais, o ginecologista que acompanhou o casal e Lorenna publicou que a chegada dos gêmeos representa um marco para a comunidade LGBTQIA+.
Sem dúvidas um marco na história da reprodução assistida no Brasil e uma vitória também para a comunidade LGBTQIA+ — disse.
Para o casal, os filhos são fruto de anos de resistência da comunidade gay, e não há tabus ou dúvidas: “a Lorenna vai ser tia das crianças, não tem mãe”, disseram.