Lista de nomes com suspeita de compra de votos foi apreendida com servidor da prefeitura

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Dinheiro, lista de nomes e cópias de documentos de eleitores foram apreendidos em posse do servidor comissionado
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  • Post publicado:17 de novembro de 2021

Corumbá (MS)- Ao menos quatro pessoas ligadas diretamente a atual administração municipal, são apontadas em inquérito da Polícia Federal, que investiga suposto esquema para compra de votos durante a eleição de 2020, como articuladores diretos no contexto de captação ilícita de votos em troca de privilégios concedidos a eleitores em Corumbá.

Os beneficiados, segundo informações a que a reportagem do Folha MS teve acesso, após baixa do sigilo dos autos interposto pela justiça, seriam, além do próprio chefe do poder executivo, vereadores com mandato e candidatos que pleiteavam uma vaga junto ao poder legislativo nas eleições de 2020.

A investigação teve início, após a interceptação feita por agentes da Polícia Federal, a um servidor público que saia do diretório executivo do PSDB, onde funcionava o comitê político responsável pela campanha do atual prefeito de Corumbá.

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Segundo consta, com o servidor, os agentes encontraram uma quantia razoável de dinheiro, separada em pequenas quantidades e junto de uma lista de nomes com cópia de seus documentos, incluindo título eleitoral.

O flagrante destaca que o montante estaria reservado em pequenos maços de R$ 250 reais e que cada um deles, estava envolto em uma folha de papel onde constavam uma lista de nomes e bairros.

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Dinheiro separado com relação de nomes e bairros foi apreendido com servidor municipal em 2020

Ainda segundo o auto de flagrante, o referido servidor que exerce cargo comissionado na atual administração, teria tentado se desfazer de seu aparelho telefônico enquanto era conduzido para prestar esclarecimentos na sede da Polícia Federal, mas o mesmo acabou sendo retido pelos agentes.

Em depoimento, o servidor alegou que o dinheiro seria de sua propriedade e reservado afim de que fizesse uma reforma em sua casa, no entanto, ao ser indagado qual seria o valor que portava, não soube informar com precisão. Sobre o motivo de estar separado em maços e vinculados a uma lista de nomes, o suspeito indicou que esta seria a forma como costumava guardar o dinheiro e que os nomes seriam de supostas pessoas que queriam trabalhar na campanha como cabo eleitorais.

Com ele também foram encontradas duas cópias de requisições de exames e consulta médica em nome de duas mulheres, o que revelou aos agentes, indícios de que poderia se tratar de benesses já concedidas ou prometidas às pessoas para obtenção de vantagem eleitoral.

Trabalho voluntário

O servidor também afirmou em depoimento, que atuava na campanha à reeleição do prefeito, de forma voluntária, ou seja, sem receber remuneração, embora exercesse também à época, função comissionada na prefeitura Municipal.

No entanto, de acordo com levantamento realizado pela reportagem, ao invés de prestar o devido trabalho funcional para qual fora contratado, foi flagrado em atendimento de trabalho pessoal para campanha do então chefe do executivo municipal, atividade que se perdurou durante todo período eleitoral.

Outros servidores

O esquema conforme apontou a apuração policial, contava ainda com a participação de outros três servidores. Entre eles, um assessor, um servidor do alto escalão da prefeitura e uma mulher que segundo as investigações, seria a responsável pelos trâmites de concessão de privilégios junto à Central de Regulação, conhecida como “Casa Verde” ao acesso de exames, consultas médicas e até vaga para internação na Santa Casa de Corumbá.

Operação Mercês

A Operação Mercês, teve início a partir da apreensão do material em posse do servidor, realizada no período eleitoral, bem como o acesso ao conteúdo interno do aparelho celular do mesmo, após autorização judicial conceder a quebra do sigilo telefônico do investigado.

mandados de busca
Operação cumpriu quatro mandados de busca e apreensão na casa de servidores municipais suspeitos de integrarem o esquema de compra de votos nas eleições municipais de 2020

O conteúdo revelou que além da suspeita de um esquema de compra de votos direto em favorecimento de aliados do chefe do poder executivo, existem fortes indícios materializados, quanto a criação de uma verdadeira organização criminosa que se utiliza da máquina pública para beneficiar pacientes em busca de tratamento médico, fornecendo à eles, acesso privilegiado ao atendimento público de saúde, em troca de fidelidade eleitoral aos candidatos que fazem parte de uma base política e que atuam em favor do atual administrador municipal.

A reportagem do Folha MS prepara para os próximos dias um material em que revela mais detalhes referentes ao suposto esquema de compra de votos que foi instalado nas eleições municipais de Corumbá ocorrida em 2020.