Corumbá é o município com maior redução da superfície de água do Brasil

seca na bacia hidrográfica do Paraguai
Em 2021, Rio Paraguai chegou perto de bater a pior marca da sua história
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  • Post publicado:12 de julho de 2024

O Pantanal, reconhecido por sua vasta biodiversidade e importância ecológica, é o bioma brasileiro que mais sofreu redução proporcional de superfície d’água desde 1985. Em 2023, a área de superfície molhada no Pantanal caiu 61% em comparação à média histórica, de acordo com dados da rede MapBiomas. A média histórica de superfície de água no bioma é de 956,3 mil hectares, enquanto no ano passado foram registrados apenas 381,7 mil hectares.

Os estados com maior perda de superfície d’água são Mato Grosso, com 274 mil hectares a menos, o que equivale a mais de oito vezes o tamanho de Belo Horizonte, e Mato Grosso do Sul com 263 mil hectares a menos. Porcentualmente, o encolhimento é de 33% e 30%, respectivamente.

Dos cinco municípios que mais perderam superfície de água em hectares, quatro estão nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul: Corumbá (MS) (261.313); Cáceres (MT) (164.335); Poconé (MT) (77.190); Barcelos (AM) (50.443) e Aquidauana (41.369) (MS).

Gráfico mostra municípios que mais perderam água (em hectares)

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Comparações com Outros Biomas

Enquanto o Pantanal enfrenta essa grave redução, o Cerrado registrou um aumento de 11% na superfície de água, o maior desde 1985, embora esse incremento seja atribuído principalmente a reservatórios. A Caatinga também superou sua média histórica de superfície de água em 6%, graças a chuvas generosas. Em contraste, o Pampa teve uma redução significativa de 40% em sua superfície de água, enquanto a Mata Atlântica apresentou uma variação leve de 3% para cima.

A perda de superfície d’água no Pantanal traz sérias consequências ecológicas, sociais e econômicas. Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água, destacou a urgência de estratégias adaptativas de gestão hídrica para mitigar esses efeitos. A seca histórica, exacerbada pelas mudanças climáticas, não teve um pico de cheia em 2024, com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirmando ser a pior seca em 70 anos.

Impacto do El Niño e Dados de Precipitação

A atuação do El Niño contribuiu significativamente para a redução do volume de precipitação no Pantanal. De janeiro a maio de 2024, a Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP) registrou 576,1 milímetros de chuva, o menor volume desde 2018. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram os estados mais afetados, com perda de 274 mil hectares e 263 mil hectares de superfície d’água, respectivamente.

Efeitos na Fauna e Flora

A seca afeta diretamente a vida das espécies no Pantanal, reduzindo os habitats disponíveis para alimentação e reprodução. Eduardo Rosa, coordenador da equipe Pantanal do MapBiomas, explica que a redução de água prejudica a cadeia alimentar local, especialmente a reprodução de peixes que dependem de áreas alagadas.

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Relação entre Seca e Queimadas

A análise da MapBiomas revelou que a seca está diretamente ligada ao recorde histórico de queimadas no bioma, com uma área queimada de 468.547 hectares, o equivalente a três vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Para controlar a situação dos incêndios, Rosa sugere medidas que incluem “ações de prevenção, monitoramento, controle e políticas de longo prazo”. Entre as estratégias recomendadas estão o manejo integrado do fogo, queimadas controladas, criação de aceiros, monitoramento e detecção precoce, além de campanhas de educação ambiental e capacitação de brigadas de incêndio.

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