O deputado Vander Loubet, do PT, encontrou uma saída para utilizar as cotas para o pagamento de um de seus assessores, mesmo sendo proibido pela Câmara. Eder Florencio Yanaguita, que recebia R$ 6 mil em 2016 como servidor comissionado do gabinete do parlamentar, criou uma empresa e passou a receber R$ 12 mil da cota do deputado.
Sem cargo de servidor, Yanaguita, que é o único funcionário de sua empresa, continua atuando como assessor de Loubet. Dados levantados e publicados pelo Estadão mostram que o valor recebido pelo profissional, hoje, é de R$ 15,7 mil por mês.
Notas sequenciais emitidas apontam que Yanaguita atua exclusivamente para o parlamentar, já que de 36 notas fiscais emitidas em dois anos, 35 são de serviços para o gabinete de Loubet. Ainda, Yanaguita assina como pessoa física os e-mails que envia como assessor e credita as fotos de divulgação para si.
Ao Estadão, Yanaguita se apresentou como assessor de imprensa de Loubet e disse que passou de servidor a empresário a partir de um acordo com o deputado.
“Foi uma negociação salarial. Eu queria um aumento. Como secretário parlamentar, ele não tinha condições de me dar aumento. Fizemos um acordo: eu abriria mão de ser secretário parlamentar e poderia abrir uma pessoa jurídica para receber pagamento pelos meus serviços.”
disse o assessor
Mesmo tendo reconhecido que, na prática, desempenha função de funcionário do gabinete, Yanaguita afirma que esta não é sua única atividade.
“Só não tenho exclusividade. Tanto é que presto serviços para outras empresas. Mas o acordo é ser pessoa jurídica e prestar serviço para o mandato como pessoa jurídica e não nomeado no gabinete.” O assessor afirmou possuir outros dois clientes, deputados estaduais. “Ele (Loubet) é meu cliente. A relação não é de patrão e funcionário. É de cliente e contratante.”
O Campo Grande News tentou contato com Loubet, que estava com o celular desligado. Ao Estado, o parlamentar disse não haver qualquer ilegalidade na contratação dos serviços de assessoria de imprensa e negou que Yanaguita seja funcionário ou atue em seu gabinete.
“O titular da empresa que atende ao meu mandato é um ex-funcionário, que foi secretário parlamentar em meu gabinete para a função de assessor de imprensa. Essa relação não existe mais.”
Afirmou o deputado
O gabinete do deputado dispõe de 25 servidores comissionados. Em geral, na Câmara, os assessores de imprensa estão incluídos no quadro de funcionários.