O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, por ter avós nascidos na Itália, é italiano e enfrentaria pouca burocracia para solicitar a cidadania ao país. A declaração foi dada nesta semana após evento em Orlando, nos Estados Unidos.
“Pela legislação, eu sou italiano. Tenho avós nascidos na Itália, e a legislação de vocês diz que eu sou italiano. Pouquíssima burocracia e eu teria cidadania plena”, afirmou, ao ser questionado por uma repórter do jornal Corriere della Sera se havia solicitado cidadania italiana.
No início de janeiro, o chanceler da Itália, Antonio Tajani, disse que o ex-presidente não fez a solicitação ao país.
Em novembro, poucos dias após o segundo turno das eleições, o senador Flávio Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente, solicitaram à embaixada italiana em Brasília a abertura do processo para obtenção da cidadania.
Questionados pela imprensa na ocasião, eles negaram a intenção de deixar o Brasil.
Bolsonaro saiu do país no dia 30 de dezembro, um dia antes de encerrar o mandato e rompeu a tradição democrática ao não passar a faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ex-presidente solicitou visto de turista para permanecer mais tempo nos Estados Unidos. Ele chegou ao país com o visto diplomático e tinha 30 dias para mudar esse status a partir do momento em que deixou o cargo.
O escritório de advocacia contratado por Bolsonaro solicitou um visto B2 para o ex-presidente. O documento permite a permanência por até seis meses no país, mas não autoriza a realização de atividades remuneradas, o que atrapalharia o plano de financiar a estadia com palestras para empresários.
A estimativa é que o novo visto seja aprovado em até dois meses.
A revelação de uma reunião entre Bolsonaro, o senador Marcos do Val e o então deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) é mais um ingrediente nas investigações que apuram a participação do ex-presidente no plano golpista que terminou nos ataques aos prédios de STF, Planalto e Congresso em 8 de janeiro.
O caso se soma ainda ao histórico golpista de Bolsonaro e à minuta com plano de golpe encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro Anderson Torres no último mês.
A Polícia Federal atua em quatro linhas de investigação para apurar todos os fatos e pessoas relacionados aos ataques golpistas e vandalismo realizados por apoiadores de Bolsonaro.
Estão na mira dessas investigações o ex-presidente, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e autoridades que atuaram ou se omitiram durante a investida golpista
No caso de Bolsonaro, a PF mira os autores intelectuais dos ataques, e o depoimento de Marcos do Val pode fortalecer as suspeitas de que as seguidas investidas golpistas do ex-presidente contribuíram para os ataques.