Neste mês, o IHP (Instituto Homem Pantaneiro) comemora 20 anos de criação. A iniciativa de criar o instituto foi do coronel da reserva da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), Ângelo Rabelo. Nas duas décadas de atuação, o IHP compartilhou com a sociedade os desafios para preservação do Pantanal e toda sua biodiversidade.
Rabelo conta que a ideia de criar o IHP surgiu do sentimento de missão ainda não concluída, mesmo não estando mais na PMA (Polícia Militar Ambiental), da qual participou da criação na década de 1980.
“A motivação da criação do instituto nasceu com a percepção da necessidade de continuar trabalhando pelo Pantanal mesmo não estando mais na PMA. Tinha muitos desafios ainda e era como se a missão precisasse ser discutida na sua plenitude. Na PMA, junto com homens valorosos, cumprimos a missão de interromper a caça do jacaré, mas tinha a clareza de que precisava continuar protegendo essa história”, relembra Rabelo, 20 anos depois de ter encabeçado a criação do IHP.
Desde então, o IHP já vivenciou grandes desafios enfrentados pelo bioma e moradores da região, como o acidente do Taquari, que inundou o Pantanal do Paiaguás, e a maior tragédia pantaneira: os incêndios florestais de 2020, que matou milhões de animais, além de devastar a flora.
“Essas duas décadas foram marcadas pelo desafio de entender mais o Pantanal, enfrentar grandes desafios que o colocavam em risco e também consolidar a história de um grande corredor de biodiversidade do centro-sul, na Serra do Amolar. Proteger um Patrimônio Natural da Humanidade e que precisava de mais ajuda, dedicação, não só para a gestão, mas também para a ampliação de mais áreas foi bastante desafiador. Todo esse esforço culmina, hoje, com a integração efetiva do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense”, afirma o presidente do IHP.
Ao completar 20 anos, o IHP comemora a existência de várias iniciativas que, graças à colaboração de parceiros estratégicos, têm permitido entender mais o Pantanal e, a partir disso, desenvolver ações cada vez mais assertivas. Hoje, o instituto encabeça a Rede Amolar, responsável pela gestão de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) e outras áreas na Serra do Amolar.
Maior planície alagável do mundo, o Pantanal precisa da água. Por isso, desde 2002, o instituto tem o programa Cabeceiras do Pantanal, que faz ações de diagnóstico da BAP (Bacia do Alto Pantanal) e, a partir disso, busca a construção de estratégias de proteção e recuperação das nascentes.
Em 2016, foi criado o programa Felinos Pantaneiros, responsável por monitorar aspectos ecológicos das onças-pintadas e onças-pardas na região da Serra do Amolar. Com base em pesquisas e monitoramento constante dos felinos, o programa propõe e implementa ações que promovem melhores práticas e harmonia entre meios de produção e conservação.
Há um ano, o IHP criou o Amolar Experience, um programa que permite experiências únicas na região da Serra do Amolar. Por meio do turismo de experiência, o Amolar Experience gera renda para as comunidades locais, trabalha a necessidade de preservação das riquezas naturais pantaneiras e, ainda, contribui para a manutenção das outras iniciativas do IHP.
Para resguardar a memória do homem pantaneiro, sua cultura e importância para o bioma, em dezembro do ano passado, o IHP inaugurou a primeira etapa do Memorial do Homem Pantaneiro, instalado na Casa Vasquez & Filhos, em Corumbá.
Outra iniciativa que surgiu dentro do IHP em 2004 e há 10 anos ganhou vida própria, foi o Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de Corumbá, Ladário, Puerto Suarez e Puerto Quijarro. O Moinho nasceu como Escola de Artes Moinho Cultural Sul-Americano, um projeto do Núcleo Sociocultural do IHP. Até o ano passado, a instituição atendeu mais de 23 mil crianças, com aulas de dança, música, tecnologia, cultura e letramento.
Dos 20 anos de trabalho no IHP, Ângelo Rabelo destaca que a principal conquista é o reconhecimento da sociedade. “O reconhecimento do nosso trabalho é a principal conquista e um orgulho muito grande para todos que formam o IHP. É um trabalho feito com seriedade, compromisso e, principalmente, respeito ao bioma e a todos envolvidos”, assegura.