Corumbá (MS)- A Operação “Mercês” deflagrada pela Polícia Federal no dia 19 de outubro de 2021 em Corumbá, teve como alvo – para cumprimento de mandados de busca e apreensão – três vereadores que integram a atual legislatura.
Os vereadores Youssef El Sala, Allex do Prado Dellas e Manoel Pereira Rodrigues, são investigados em inquérito sobre um suposto esquema que contou ainda com a participação dos servidores públicos da prefeitura de Corumbá, Marconi de Souza Junior (Chefe de gabinete do prefeito Marcelo Iunes), Mariluce Gonçalves Leão de Almeida (Técnica de saúde Pública II) e Luiz Antônio da Silva (Secretário de Governo da administração Marcelo Iunes).
A reportagem do Folha MS teve acesso à integra do processo que motivou a ação da Justiça Eleitoral, após o fim do sigilo de 15 dias sobre a ação determinada pela justiça.
O documento menciona a representação feita contra os investigados em supostos crimes que teriam ocorrido durante a campanha eleitoral de 2020, visando angariar ilegalmente votos no pleito do ano corrente.
Ainda segundo o documento, os investigados teriam atuado fornecendo a seus eleitores, acesso privilegiado a tratamentos de saúde em troca de votos, supostamente favorecendo os vereadores citados no processo de investigação.
O fato foi, comunicado ao presidente da Câmara Municipal de Corumbá, Vereador Roberto Façanha. No ofício, o chefe do poder legislativo foi informado sobre o escopo do processo, já que o mesmo abrange entre os investigados, membros do poder legislativo que estariam supostamente envolvidos no esquema.
A nota reforça que a conduta dos parlamentares descritas nos autos, é passível a configuração de crime eleitoral previsto no artigo 299 do Código Eleitoral. A íntegra dos autos foi anexada ao ofício para conhecimento do presidente da casa e para adoção de eventuais providências que o legislativo entender ser cabíveis a serem adotadas em relação aos parlamentares.
A reportagem do Folha MS procurou o presidente da Câmara Municipal bem como os parlamentares citados no processo a respeito dos fatos.
O presidente do poder legislativo, informou que o documento chegou até a Câmara e permanece sob responsabilidade do setor jurídico da casa de leis, responsável por interpretar e orientar qual decisão será tomada, respeitando o direito da ampla defesa.
“Não existe processo contra os vereadores. Existe uma investigação em curso que se iniciou no ano passado e culminou nos mandados de busca e apreensão citados. Então, a situação é a seguinte: não tem mandado judicial para afastamento, a justiça encaminhou para mesa diretora o inquérito sobre a investigação para conhecimento e adoção das medidas que no desenrolar dos fatos forem necessárias”, pontuou Façanha.
O vereador Yussef El Sala, comentou que não foi citado ou recebeu qualquer comunicado da Câmara municipal sobre o ofício. Ele não se pronunciou sobre o fato do cumprimento do mandado de busca e apreensão realizado pela Polícia Federal.
A reportagem entrou em contato com os vereadores citados nos autos, mas não obteve resposta até a publicação da matéria. O site Folha MS mantém à disposição o canal de comunicação para divulgação dos esclarecimentos e posicionamentos que entenderem ser cabíveis.