Dezenove meses em fuga e 700 quilômetros percorridos a pé. Assim terminou a procura pelo casal acusado de filmar os abusos sexuais a que submetiam a filha de 7 anos, quando o caso veio à tona em janeiro de 2020.
A Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) localizou o casal, o homem de 43 anos e a mulher de 35 anos, vivendo como andarilhos e morando na ruas de cidade em cidade.
O casal, que terá o nome preservado para não expor as vítimas, fugiu de Mato Grosso do Sul logo após a polícia descobrir a rotina de maus-tratos e estupro da família. A mulher chegou a prestar depoimento na época, mas logo em seguida se uniu ao marido e a filha de 20 anos, que também mantém um relacionamento com o suspeito, e saiu do Estado.
Segundo a delegada Franciele Candotti Santana, os três saíram de Campo Grande a pé. Algumas vezes pegaram carona, no entanto, andaram pelas rodovias na maior parte do tempo. A primeira parada foi Cianorte. Logo depois, mudaram para Umuarama. Por último se abrigaram em Campo Mourão, mais de 700 quilômetros depois, onde acabaram presos na madrugada desta quinta-feira (8).
A “família” viveu todo esse tempo como moradores de rua e na cidade paranaense moravam em uma casa simples. As equipes de investigação da delegacia especializada descobriram o paradeiro dos foragidos após denúncias de conhecidos deles em Corumbá, uma das cidades que foi apontada como principal rota de fuga no início da apuração.
Agora, a polícia espera autorização judicial para trazer os dois presos a Campo Grande. Ainda confirme a delegada, a jovem de 20 anos não tem envolvimento com o caso, na verdade, também é vítima, já que foi estuprada pelo padrasto desde criança, mas se apaixonou pelo agressor e escolheu ficar ao lado dele e da mãe. “Afirmou que não podia viver sem ele”.
Já a vítima dos vídeos hoje tem 10 anos, mora em abrigo e recebe acompanhamento psicológico na delegacia especializada.
O caso
A mulher tem oito filhos, quatro deles com o suspeito. Em janeiro do ano passado um vizinho da família denunciou o caso após receber vídeo do homem mantendo relação sexual com a filha mais nova – na época com 7 anos.
O caso revelou uma rotina de brigas, agressões, maus-tratos e violência sexual, não só contra a menina mais nova, mas contra as outras filhas da mulher. Detalhes gravados em vídeos e áudios foram ainda mais chocantes. Durante as investigações a delegada revelou que as crianças viviam na casa de um cômodo, em situações degradantes. “Era uma situação bastante deplorável, elas estavam vivendo numa sujeira danada, sem condições, em total situação de abandono”.