O Partido Democrata Cristão conquistou a Presidência da Bolívia neste domingo (19), com a eleição de Rodrigo Paz, que obteve 54,61% dos votos no primeiro segundo turno da história do país. A votação, realizada em meio a uma grave crise econômica, marcou a guinada à direita após duas décadas de governos liderados pelo Movimento ao Socialismo (MAS).
O adversário de Paz foi o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, também de direita. Com 100 % das urnas apuradas, a vitória foi confirmada pelo Tribunal Supremo Eleitoral. Fora da disputa, o ex-presidente Evo Morales, alvo de um mandado de prisão, defendeu o voto nulo.

Propostas e posicionamentos
Durante a campanha, Paz afirmou que pretende conquistar eleitores frustrados com a esquerda por meio de propostas moderadas. “A justiça é a base para o progresso de qualquer país, e precisamos de instituições fortes e independentes que assegurem a lei para todos”, declarou ao defender o fortalecimento do sistema judicial no combate ao crime organizado.
Na economia, apresentou o plano “capitalismo para todos”, que prevê incentivos ao setor privado, manutenção de programas sociais, formalização da economia informal e descentralização do Estado.
“A Bolívia não é socialista. A Bolívia trabalha com capital, trabalha com dinheiro… porque 85% da economia é informal. Não queremos austeridade severa, mas uma economia forte, justa e voltada para gerar oportunidades a todos os bolivianos”, disse em evento de campanha.
O vice-presidente eleito, Edman Lara, agradeceu ao povo boliviano e afirmou:
“Estamos nos preparando para ir a La Paz e coordenar quais seriam as soluções que devem ser adotadas o mais breve possível para a crise econômica que atinge a Bolívia”.
Contexto político e relações internacionais
A vitória de Paz encerra a era iniciada por Evo Morales em 2006 e continuada por Luis Arce, marcada pela nacionalização do gás e posterior queda na produção, que agravou a crise fiscal. Hoje, a Bolívia enfrenta inflação acima de 23%, falta de combustíveis e longas filas para produtos básicos.
Mesmo com divergências em relação ao governo brasileiro, Paz afirmou que “o Brasil é nosso principal parceiro estratégico” e defendeu a permanência da Bolívia no Mercosul e no Brics. Sobre os Estados Unidos, declarou que buscará uma “aproximação pragmática”, sem alinhamentos ideológicos. “Ideologias não colocam comida na mesa”, afirmou.
Enquanto isso, Evo Morales, que votou em Cochabamba sob proteção de uma guarda indígena, declarou:
“Ambos representam um punhado de pessoas na Bolívia, não representam o movimento popular, muito menos o movimento indígena”.

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