Onças-Pintadas continuam sendo mortas no Pantanal; alerta instituto

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  • Post publicado:20 de janeiro de 2024

A localização de uma coleira de monitoramento utilizada em uma onça-pintada na região de Miranda, no Pantanal sul-mato-grossense, reascende um antigo problema que coloca o maior felinos das Américas em risco.

A suspeita, segundo pesquisadores e institutos que atuam na preservação da espécie, é de que o animal que vinha sendo monitorado, tenha sido morto por meio da caça ilegal.

A forma com que o equipamento foi localizado, reforça a hipótese. Conforme o pesquisador Gediendson Araújo, do Reprocon/UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o colar foi encontrado cortado, dentro de uma sacola sob uma ponte que corta a BR-262.

Inicialmente até se cogitou a possibilidade de que o animal tenha sido atropelado, porém, com as características peculiares de como o descarte foi feito, os ambientalistas acreditam que seja bem provável, que o animal tenha sido morto por caçadores.

coleira onca
Colar de monitoramento do felino foi encontrado cortado e jogado dentro de uma sacola, sob uma das pontes que cortam a BR-262

Os registros de monitoramento do animal também reforçam a pouca possibilidade de um atropelamento. A onça-pintada, macho adulto, estava sendo monitorado há mais de 218 dias, e, nos mais de 650 quilômetros percorridos pela onça-pintada, não havia o comportamento do animal se aproximar da BR-262.

Eles acreditam que o animal tenha sido abatido em outro local e o colar descartado sob a ponte.

“Especialistas parceiros nossos que trabalham com ecologia do movimento, eles conseguem identificar o padrão de movimentação diferente no final, quando terminam os pontos e depois aparece na ponte. Então se fosse um animal que tivesse sido atropelado, iriam avisar a PMA [Polícia Militar Ambiental], não iriam cortar a coleira, colocar num saco e jogar na água”, frisa.

O pesquisador ainda alerta para a necessidade das autoridades se atentarem a existência do conflito que se arrasta há décadas entre o homem e o maior felino das Américas.

“A coleira é uma ferramenta importante tanto pra gente conhecer o comportamento territorial desses animais e a partir daí traçar formas de conservar a espécie, tentar diminuir a questão do conflito, porque assim, a gente vê no Pantanal, se fala muito de onça-pintada, turismo, recursos entrando no estado através do turismo, só que a gente esquece do conflito que sempre existiu e o estado precisa estar atento a isso”, defende.

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Animal era monitorado há mais de 200 dias / Foto: Instituto Onça-Pintada

O instituto Onça-Pintada, referência na luta pela preservação da espécie, postou em sua página na rede social o lamento por mais um animal perdido, possivelmente, fruto do conflito direto do homem com o meio ambiente pantaneiro.

Infelizmente mais uma onça-pintada monitorada pelo Instituto Onça-Pintada/ REPROCON no Pantanal foi MORTA. Depois de 218 dias acompanhando seus movimentos, encontramos sua coleira GPS cortada e jogada às margens da BR 262. Durante o período de monitoramento, esse animal, um macho adulto, percorreu mais de 650 km no seu território às margens do rio Miranda. Essa é a quarta onça-pintada monitorada pelas instituições que foi morta. Outras duas foram envenenadas em 2021 enquanto comiam em uma carcaça de vaca. Um boletim de Ocorrência foi feito na Polícia Civil e aguardamos investigação sobre o caso. Infelizmente onças-pintadas continuam sendo mortas no Pantanal.

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