Fogo já consome regiões exploradas pelo turismo em Corumbá e reserva kadiwéu

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Brigadistas durante combate à queimadas na Terra Indígena Kadiwéu, em Porto Murtinho (Foto: Divulgação/Prevfogo)

Corumbá registrou 1.014 focos de incêndio em 21 dias em agosto, equivalentes a dois novas queimadas a cada hora. Com 2.231 focos acumulados em 2019, o município só fica atrás de Altamira (PA), com 2.358, na lista de cidades com mais ocorrências. O fogo já consome regiões exploradas pelo turismo e também atinge outros pontos do Pantanal Sul-mato-grossense, caso da Terra Indígena Kadiwéu.

Os dados de focos de incêndio são do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que monitora as queimadas no Brasil em tempo real. Ainda segundo a instituição, foram identificados 2.682 pontos de incêndio no bioma este ano e consumidos 2.559 km² do território pantaneiro, correspondentes a 1,7% da área total.

Em Corumbá, o combate aos incêndios na região rural, tais como beiras de rodovias, reservas e assentamentos, é feito por 30 brigadistas do Prevfogo/Ibama (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), além do Corpo de Bombeiros. Segundo o coordenador estadual do programa, Márcio Yule, o grupo tem atuado também em queimadas na região do Porto da Manga, que abriga pousadas e é visada pelo turismo de pesca.

“Nosso pessoal está indo até lá todos os dias. Há um incêndio muito grande por lá, também próximo às entradas para Albuquerque. Já queimou bastante. A fumaça é um perigo grande, pode causar acidentes nas estradas”, detalha Yule.

Além de abafadores, os brigadistas utilizam enxadas, pás, rastelos e foices para fazer os chamados “aceiros”, estratégia de desmate que impede o alastramento do fogo. O grupo ainda dispõe de bombas rígidas e flexíveis de até 20 litros por brigadista, além de motobombas, capazes de utilizar a água de corixos.

Com efetivo de 68 militares, o Corpo de Bombeiros de Corumbá está de prontidão para auxiliar os brigadistas do Prevfogo/Ibama, mas ainda não foi necessário, garante o tenente-coronel André Rufato. “Corumbá tem dimensão de estado, praticamente. Território muito grande. O Corpo de Bombeiros é um órgão responsivo e vamos atender quando formos solicitados”.

A região urbana de Corumbá foi coberta por fumaça desde domingo. O diagnóstico de Bombeiros e Defesa Civil estadual é de que a cortina foi formada por incêndios no departamento de Santa Cruz, na Bolívia, em região de fronteira com o Brasil. As queimadas já atingiram 757.975 hectares, segundo dados da ABT (Autoridade de Bosques e Terras) do país vizinho.

Porto Murtinho

Ao sul de Corumbá, a Terra Indígena Kadiwéu tem oito focos de incêndio em andamento, conforme o Inpe. Distribuída principalmente por Porto Murtinho e Bodoquena, a área conta com brigada própria de incêndio, com 30 pessoas treinadas pelo Ibama. Segundo Márcio Yule, o conjunto será reforçado por mais cinco brigadistas de Corumbá e outros cinco de Aquidauana.

“São duas brigadas fixas de 15 pessoas na Terra Kadiwéu, uma na aldeia Alves de Barros e outra na São João. É uma área com dificuldade de acesso, área grande, com poucas estradas. Com o reforço, cinco de Corumbá e cinco de Aquidauana, esperamos que no fim de semana a gente consiga controlar os incêndios que estão ocorrendo lá”, explica.

Nesta sexta-feira (23), representantes da superintendência regional do Ibama em Mato Grosso do Sul, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil estadual se reúnem para definir novas estratégias de combate às queimadas no Estado.

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