O Rio Paraguai, em Mato Grosso do Sul, está prestes a atingir um dos níveis mais baixos já registrados, segundo dados recentes na região de Ladário. Nesta sexta-feira (17), o nível foi registrado em 1,43 metros, continuando uma tendência de queda constante desde o pico de cheia de 1,47 metros, alcançado entre os dias 5 e 6 de maio.

Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal, alerta que a seca prolongada desde 2020 é a principal causa desta situação. Ele prevê que o rio pode se aproximar de níveis historicamente baixos, atingindo cerca de -60 centímetros, uma marca observada apenas duas vezes: em 2021 e na década de 1960. Padovani menciona que a baixa nos níveis de água em Cuiabá e Cáceres, regiões superiores da bacia, afeta diretamente o nível em Ladário.

A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação de escassez hídrica na região hidrográfica do Paraguai, válida até 31 de outubro de 2024. Esta decisão foi baseada em relatórios do serviço geológico que identificaram níveis mínimos dos rios.

A Região Hidrográfica do Paraguai abrange 4,3% do território brasileiro, incluindo partes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Pantanal, a maior área úmida contínua do planeta, estendendo-se também por áreas da Bolívia e do Paraguai.

A temporada de chuvas, encerrada em março, não trouxe alívio significativo. “Com os rios de Cáceres e Cuiabá já em níveis mínimos, não há expectativa de aumento considerável no nível do rio em Ladário“, explica Padovani. A previsão é que os níveis continuem a cair, atingindo o ponto mais crítico entre outubro e novembro.

A situação também impacta a navegação. Padovani prevê que, se a diminuição continuar no ritmo atual, a navegação no rio pode parar completamente dentro de um mês.

“Com o nível abaixo de 1 metro, a navegação se torna impossível. Algumas embarcações já estão enfrentando dificuldades, e em breve, a navegação será inviável”, alerta.

Nível do Rio Paraguai em Ladário