O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) abriu licitação para contratar serviços de preparação e fornecimento de alimentação aos presos da Penitenciária Federal de Campo Grande, localizada no Jardim Los Angeles. O edital, cujo contrato foi orçado em R$ 2,4 milhões, prevê corte de 1.073 quilocalorias na dieta diária atual do detento e retira do cardápio opções como pão, leite e café.
Com capacidade para comportar 208 presos, o presídio federal de Campo Grande oferece seis refeições por dia, entregues em três momentos diferentes por questão de segurança – desjejum e lanche da manhã; almoço e lanche da tarde; jantar e ceia.
O menu diário atual é de 4.065 quilocalorias. O novo cardápio sugerido soma 2.992 quilocalorias, indicado em parecer técnico nutricional anexo ao edital de licitação.
Manhã
A mudança começa na primeira refeição do dia, hoje composta por copo de leite integral, dois pães tipo francês, uma xícara de café com açúcar, duas colheres de chá de margarina e uma fruta da época. A bandeja totaliza 629 quilocalorias.
O novo cardápio tira um pão francês do cardápio e oferece queijo como alternativa à margarina. A refeição passa a ser de 478 quilocalorias.
Tarde
A redução proposta no valor calórico do almoço é de 289 quilocalorias – de 1.324 para 1.035. Os itens do prato foram mantidos – arroz (ou macarrão ou vegetais), feijão carioquinha ou preto (alternadamente), farinha, carne branca ou vermelha, legumes, salada, sobremesa ou fruta da época, suco ou refresco.
As alterações estão nas quantidades. O pedaço de carne, hoje tamanho grande, de 300 gramas, cai para tamanho médio, de 200 gramas. A porção de farinha sai de duas colheradas para apenas uma. Os acompanhamentos de legumes e salada, de 100 gramas cada, passam a somar 80 gramas cada.
A sugestão ainda inclui ovo no rodízio da proteína e reduz a sobremesa a uma porção pequena – hoje ela é média – e apenas nos fins de semana.
O lanche da tarde também será modificado. Sai o pão francês com duas colheres de chá de margarina, entram seis unidades de biscoito água e sal, de maisena ou torrada com uma colherada de chá da gordura alimentar.
Hoje fixa, a opção de suco ou refresco entra em revezamento com fruta da época, alternadamente com fatia de bolo simples, sem recheio ou cobertura.
Assim, o valor calórico da refeição cai de 411 quilocalorias para, no máximo, 352 quilocalorias.
Noite
O menu do almoço se repete no jantar, com as mesmas 1.035 quilocalorias propostas. Já na ceia, o preso não terá mais acesso a leite integral e café com açúcar em uma das opções alternadas. O cardápio passa a contar com pão francês, margarina e fruta da época.
A segunda opção de ceia, hoje composta por copo de suco de frutas, pão francês e fatia de queijo, passará a ter biscoito água e sal, de maisena ou torrada, margarina e suco ou refresco.
As refeições devem ser servidas em marmitas de isopor, formato retangular, com quatro divisões internas.
Especial
A refeição especial em data comemorativa, entregue ao preso na Páscoa, Dia dos Pais e Natal em substituição ao lanche da tarde, também terá modificações.
Atualmente, o prato diferenciado tem duas unidades de refrigerante 2 litros, 500 gramas de chocolate e bolo ou torta industrializada de meio quilo.
A edital prevê os mesmos itens, mas corta o refrigerante para uma garrafa de 600 ml, uma barra de 150 gramas de chocolate e um bolo simples de 200 gramas.
Com as alterações, o menu especial terá 1.610 quilocalorias, contra as 6.604 atuais.
Motivo
O parecer técnico de nutrição foi elaborado pela consultoria Qualitá, empresa de Brasília (DF). O laudo aponta que a dieta atual, de 4 mil quilocalorias, está “bastante acima das necessidades calóricas diárias para um homem médio (2.000 a 2.500 Kcal/dia)”.
Segundo parecer, o cardápio vigente foi elaborado “por haver demanda dos presos relatando que passavam fome”.
Ainda de acordo com o documento, a redução em 25% do valor calórico atual deve contribuir para diminuir as sobras e evitar desperdício de alimento.
Rodízio
No parecer técnico, a consultoria ainda recomenda rodízio entre os cozinheiros que preparam a refeição, a fim de atender reclamação dos presos sobre falta de variação no sabor da comida.
É sugerido revezamento dos funcionários a cada dois ou três meses, como, por exemplo, trocar quem cozinha as proteínas com quem prepara os acompanhamentos. O laudo também fala em mudança de marcas e fornecedores para buscar variedade.
O edital de licitação considera que podem ser solicitadas dietas especiais para presos com restrições alimentares devido a doenças como hipertensão e diabetes, entre outras, desde que mantidos os critérios de padrão do cardápio.
A licitação foi aberta na modalidade pregão eletrônico. As propostas das empresas interessadas serão abertas no dia 20 de dezembro.
O fornecimento das refeições tem previsão de início para maio de 2020. O prazo de vigência do contrato é de 12 meses, mas pode ser prorrogado por até 60 meses.