O Governo do Paraguai inaugurou nesta quarta-feira (4) um sistema de monitoramento com 96 câmeras em Pedro Juan Caballero, cidade na fronteira com o Brasil, em Mato Grosso do Sul. As câmeras foram colocadas em pontos estratégicos da cidade e 20 delas tem a tecnologia de reconhecimento facial ou de placas de veículos.
As imagens são vistas em tempo real por policiais em um centro de monitoramento.
De acordo o Ministério do Interior, os equipamentos foram colocados após a assinatura de um acordo de cooperação entre Paraguai e o governo de Taiwan.
Ainda segundo o ministério, os equipamentos buscam identificar autores de crimes. Esse ano, 61 pessoas foram executadas na região de fronteira com o Paraguai, o número é mais do que o dobro do registrado no ano anterior, com 30 mortes.
Os assassinatos na fronteira tem carateristas semelhantes, geralmente são executados por homens fortemente armados que utilizam pistolas automáticas e até fuzis. As vítimas são surpreendidas em comércios da cidade ou quando estão dirigindo. As ações são rápidas e os autores dificilmente são identificados.
Guerra pelo controle do tráfico na fronteira
A fronteira do Brasil com o Paraguai, em Ponta Porã, região sul de Mato Grosso do Sul, sempre foi marcada por execuções, tiroteios, tráfico de drogas e armas. Os confrontos intensificaram-se com a disputa entre facções criminosas pelo controle do tráfico na região. Em 2018, pelo menos 30 execuções estariam ligadas à guerra do tráfico.
A característica violenta da faixa de fronteira ganhou ares de guerra em 2016, após a morte do narcotraficante Jorge Rafaat, conhecido como “rei da fronteira”, executado com tiros de metralhadora. O G1 traçou um panorama da disputa pelo tráfico na região que inclui nomes como Jarvis Pavão e Minotauro, traficantes que estão presos no Brasil.
Segundo o promotor do Ministério Público do Paraguai, brasileiros também estariam envolvidos na disputa pelo domínio do tráfico na região, e são maioria entre as mortes registradas:
“Estamos vendo muitos cidadãos brasileiros que vivem aqui e que estão ligados a este tipo de crime e terminam sendo executados ou cometendo homicídios ou refugiando aqui em Pedro Juan ou Ponta Porã, comentou o promotor Armando Cantero Fassino.