Anestesista preso no Rio foi indiciado por estupro de vulnerável; entenda

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O anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi flagrado colocando o pênis na boca de uma paciente dopada na hora do parto. Foto: Redes sociais/Reprodução
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  • Post publicado:12 de julho de 2022

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, foi preso em flagrante e indiciado por estupro de vulnerável após ser gravado colocando o pênis na boca de uma mulher durante uma cesárea em um hospital público de São João do Meriti, no Rio de Janeiro. A pena varia de 8 a 14 anos de prisão.

Desconfiadas do comportamento do médico em outras duas cirurgias no domingo, 10, – como o excesso de sedativo aplicado e o posicionamento perto do rosto das pacientes –, enfermeiras do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, posicionaram um celular em um armário na sala da terceira cirurgia do dia para gravar o anestesista.

Nas imagens, reveladas pela TV Globo, Bezerra aparece colocando o pênis na boca da paciente, que foi sedada por ele, durante uma cesariana. Ele ficou separado da equipe que conduzia a cirurgia pelo lençol usado nesse tipo de procedimento. Durante o abuso, que durou 10 minutos, ele olha para os lados e tenta se movimentar pouco.

Após ver o conteúdo gravado, a equipe do hospital comunicou a diretoria, que acionou a Polícia Civil. Em outro vídeo, o anestesista demonstra surpresa ao ser informado pela delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de São João de Meriti, estar sendo preso em flagrante por estupro. Ao ouvir que há imagens que mostram o crime, o médico mais uma vez demonstra estar surpreso.

“Foi estarrecedor ver as ações do investigado no vídeo. Nós aqui que temos uma certa experiência com atrocidades, com condutas muito graves, violentas, estamos há 21 anos trabalhando com crimes, nós ficamos estarrecidos, é inacreditável o que vimos, é gravíssimo. Ainda mais grave porque é um profissional que deveria estar cuidando do paciente, o paciente está nas mãos daquele profissional, totalmente vulnerável, num momento realmente importante da vida, tendo um filho, dentro do Hospital da Mulher, que é um centro de atendimento específico para mulheres”, disse a delegada.

A polícia recolheu gazes que teriam sido usadas pelo médico e passou também a investigar outros casos suspeitos. Uma outra mulher que também teria sido vítima do anestesista no último dia 6 de julho foi à delegacia nesta segunda-feira, 11, acompanhada da mãe e do marido para prestar depoimento. Ele contou que, muito dopada no momento do parto, “achava ter tido uma alucinação”. O marido da parturiente disse que foi impedido de acompanhar o parto pelo próprio anestesista e que o reconheceu pelas imagens da televisão depois da prisão.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu um procedimento cautelar para suspensão imediata das atividades do médico. “A medida foi tomada em caráter de urgência, em decorrência da gravidade do caso apresentado e de evidências registradas por meio de vídeos gravados na sala de cirurgia”, disse o Cremerj em nota.

Também em nota, a Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Saúde, responsáveis pelo Hospital da Mulher, dizem que será aberta uma sindicância interna para tomar as medidas cabíveis contra o médico. “A equipe do Hospital da Mulher está prestando todo apoio à vítima e à sua família. Esse comportamento, além de merecer nosso repúdio, constitui-se em crime, que deve ser punido de acordo com a legislação em vigor.”

Formado em 2017 no Centro Universitário de Volta Redonda (Unifoa), o médico recebeu em abril deste ano o diploma da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, conforme ele próprio divulgou em uma rede social, cujo acesso passou a ser privado ao longo dessa segunda-feira.

Giovanni Bezerra gostava de publicar sua rotina médica no Instagram. Em várias fotos, aparece com uniformes usados em salas cirúrgicas. Em uma delas, escreveu: “Em frente, vou ganhando meu espaço na profissão que escolhi fazer a diferença”.

Em outra, disse: “Vocês vão ouvir falar muito de mim”.

O anestesista foi indiciado por estupro de vulnerável porque a vítima estava dopada e, portanto, não tinha discernimento e nem poderia oferecer resistência.

Veja o que diz o Artigo 217-A do Código Penal:

Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:

Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

O Tribunal de Justiça do Rio marcou para a tarde desta terça-feira, 12, a audiência de custódia de Giovanni Quintella Bezerra. Na ocasião, será decidido se a prisão em flagrante será convertida em preventiva. O anestesista está preso no presídio de Benfica, na zona norte do Rio.