Um vizinho de muro da casa onde morava Carla Santana Magalhães, de 25 anos, no bairro Tiradentes, em Campo Grande, é o preso que confessa ter assassinado a jovem. Ele contou à polícia que escondeu o corpo debaixo da cama dele e que perdeu a memória entre o momento em que viu a vítima na frente da residência dela, no dia 30 de junho, e a hora em que se deparou com ela morta, no quarto dele, na manhã seguinte.
“A confissão dele não é integral. Ele diz não se lembrar de grandes trechos que são muito relevantes para a compreensão do caso. Contudo, ele diz que após ter visto a vítima passar em frente da sua casa dia 30 de junho, perdeu a memória a partir daí. Ele disse ter saído da sua casa atrás dessa moça e que na quarta-feira (1º de julho), ao acordar, encontrou a vítima Carla morta no assoalho do seu quarto, aí ele colocou ela debaixo da sua cama e passou esses dias, até sexta-feira (3), com a vida normalmente”, disse o delegado responsável pelas investigações, Carlos Delano.
Carla foi sequestrada na frente de casa e chegou a gritar para a mãe dizendo que estava sendo roubada e colocada dentro de um carro. O corpo da jovem foi encontrado três dias depois, pela manhã, na esquina da residência dela. A polícia constatou que ela foi morta a facadas e sofreu abuso sexual.
A polícia investigava o caso e, em rondas preventivas, o Batalhão de Choque da Polícia Militar foi informado que o vizinho, de 21 anos, seria suspeito do crime. O rapaz foi abordado e com ele foi encontrado um pano com sangue, mesmo material que havia em um lençol achado na cozinha da casa.
Apesar da suspeita sobre o rapaz, não havia mandado de prisão contra ele, sendo então liberado. Os policiais avisaram a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Homicídios (DEH), ele foi investigado, teve a prisão preventiva decretada e acabou preso terça-feira (14), confessando o crime.
Conforme Delano, o preso “alega que consome grande quantidade de pinga e isso causa falhas na memória. Nós não temos como atestar se isso é verdade ou não, contudo novas diligências serão feitas para tentar suprir essa ausência ou essa omissão dele na dinâmica do crime”.
Durante trabalho pericial na casa do rapaz, ele disse aos policiais que matou Carla logo depois que a raptou e que “até mesmo levou ela à força para dentro da sua casa”. Sobre a motivação do crime, o preso não dá declarações objetivas, conforme a polícia, e afirma que agiu sozinho, o que, conforme o delegado é possível, porém está em investigação.
“Segundo o autor ele não tinha relacionamento social próximo com essa moça, com a Carla. Umas semanas antes ela não teria respondido um cumprimento de bom dia. Ele estava na frente da casa dele vestido com roupa de obra, roupa suja com cimento e tinta, ele se julgou inferiorizado por essa circunstância. Apesar disso, ele disse não ter sido isso determinante para praticar o crime , que se esqueceu disso”.
O caso é tratado como feminicídio, pois devido à violência sexual e a maneira como o corpo foi exposto, a polícia entendeu que houve uma desvalorização da vítima por ela ser mulher.