Pesquisadores estão de volta a Corumbá em uma nova tentativa de encontrar o ninho da harpia, considerada a maior águia do mundo em atividade. A espécie, rara e ameaçada, já foi registrada anteriormente na região, mas a ausência de informações sobre sua reprodução no Maciço do Urucum ainda é um desafio para os cientistas.
A atual expedição foi motivada por registros recentes da ave feitos durante monitoramento de primatas, que confirmaram a presença de um casal em área de mata fechada. O avistamento inicial ocorreu há mais de uma década, mas apenas agora a equipe conseguiu reunir indícios mais consistentes da presença da espécie em território pantaneiro.
A harpia — ou gavião-real, como também é conhecida — tem envergadura que pode ultrapassar 2 metros e é uma das maiores aves de rapina do mundo. Mesmo com o avistamento do casal, ainda não se sabe quantos indivíduos vivem no local ou se a espécie mantém um território fixo na região.

O foco do trabalho neste retorno ao campo é localizar o ninho, estrutura que a harpia constrói no topo de árvores altas, geralmente em locais de difícil acesso. Segundo os pesquisadores, a vegetação da região do Urucum — composta por Matas Secas Chiquitanas — apresenta características diferentes das áreas onde a espécie costuma ser mais estudada, como na Amazônia.
O biólogo e fotógrafo Gabriel Oliveira, que acompanha os estudos no local, explica que os dados sobre a harpia no Pantanal são escassos. “Em Corumbá, ainda conhecemos pouco sobre o comportamento da espécie, o que torna o trabalho ainda mais desafiador. A vegetação aqui é mais baixa e fragmentada do que nas florestas amazônicas, o que muda completamente a dinâmica”, afirma.
A presença da ave em área de vegetação chiquitana e próxima de formações geológicas com mais de 70 milhões de anos, como o maciço do Urucum, é considerada um dado relevante para estudos futuros. A topografia acidentada e a mata densa dificultam o acesso da equipe de campo, mas também favorecem o comportamento reservado da espécie.
A harpia está listada como “ameaçada” na classificação estadual de Mato Grosso do Sul e como “quase ameaçada” na lista nacional do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). A espécie enfrenta riscos principalmente por causa da perda de habitat, provocada pelo desmatamento e pela presença crescente de atividades humanas, além da caça ilegal.
O objetivo do monitoramento atual é confirmar se o casal está se reproduzindo na região, o que pode consolidar o Pantanal como área de ocorrência regular da espécie e ampliar as ações de conservação e proteção ambiental no bioma.
- Com informações G1MS