O arquiteto chinês Kongjian Yu, reconhecido internacionalmente pelo conceito de “cidades-esponja”, estava entre os quatro ocupantes da aeronave que caiu na noite de terça-feira (23) na região da Fazenda Barra Mansa, próxima a Aquidauana (MS). A queda do Cessna não deixou sobreviventes; entre os mortos também estão os cineastas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., além do piloto e proprietário do avião, Marcelo Pereira de Barros.

Kongjian Yu, de 62 anos, era professor da Universidade de Pequim, fundador e designer-chefe do escritório Turenscape e ocupava a reitoria da Faculdade de Arquitetura e Paisagismo da mesma universidade.

Doutor em design pela Harvard Graduate School of Design (1995), Yu concluiu a dissertação intitulada “Padrões de Segurança no Planejamento Paisagístico” e trabalhou em seguida no SWA Group, nos Estados Unidos, antes de retornar à China em 1997 para desenvolver sua carreira acadêmica e profissional.

Segundo o site oficial da Turenscape e registros acadêmicos, Yu publicou mais de 20 livros e mais de 300 artigos científicos ao longo da carreira. Entre os prêmios recebidos estão o IFLA Sir Geoffrey Jellicoe Award, o Cooper Hewitt National Design Award e o RAIC International Prize. Ele também era membro Honorário Internacional da Academia Americana de Artes e Ciências e atuou como consultor de políticas urbanas e ambientais para diferentes governos.

O conceito de cidades-esponja, criado e difundido por Yu, propõe o manejo da água por meio de soluções baseadas na natureza: parques, bacias, áreas verdes e materiais permeáveis que retêm, filtram e infiltram águas pluviais, reduzindo enchentes e reutilizando recursos hídricos.

Projetos assinados por Yu e sua equipe foram implementados em mais de 70 cidades e receberam reconhecimento por sua capacidade de absorver volumes de água equivalentes a chuvas intensas, como as registradas recentemente no Rio Grande do Sul.

A CAU (Comissão de Arquitetura e Urbanismo do Brasil) informou em suas redes sociais que Kongjian Yu estava no país para participar da Bienal de Arquitetura e aproveitou a estada para visitar o Pantanal e conhecer iniciativas locais que dialogam com a sua abordagem de uso da água e do território.

Outras vítimas

Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz era cineasta e documentarista conhecido pela série Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia, indicada ao Emmy Internacional, que revisita o acidente aéreo que matou membros da Chapecoense em 2016. Entre outras obras, dirigiu a série To Win or To Win, sobre o Al Nassr FC, e o documentário Tudo é Projeto (sobre Paulo Mendes da Rocha); foi autor e diretor na Olé Produções e assinou o documentário Paisagem Concreta, sobre Álvaro Siza, exibido em festivais internacionais.

Rubens Crispim Jr., nascido em São Paulo e formado em Artes Plásticas pela ECA-USP (2002), atuava como documentarista, diretor de fotografia e produtor independente. Vencedor do reality “Projeto 48” (TNT) em 2006, dirigiu e fotografou curtas e longas, incluindo Segue o Baile Bixiga 70, que passou por festivais como In-Edit Brasil 2019 e Mimo Festival; o filme está disponível em plataformas como Canal Brasil, NOW e Amazon Prime. Entre 2019 e 2023 coordenou o departamento audiovisual da organização Amigos da Arte e produziu conteúdo para a Pinacoteca de São Paulo.

O piloto Marcelo Pereira de Barros, proprietário do Cessna (prefixo PT-BAN), residia em Aquidauana e prestava serviços de táxi aéreo na região, com experiência em sobrevoos no Pantanal e na Serra da Bodoquena. Ele deixa dois filhos.

O acidente

Um avião de pequeno porte caiu na região da Fazenda Barra Mansa no final da tarde desta terça-feira, 23 de setembro e, conforme relatos e equipes no local, a aeronave explodiu após o impacto.

O local é de difícil acesso; equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil foram acionados, mas as vítimas já estavam sem vida na chegada do resgate. As causas ainda estão sob apuração pelas autoridades competentes, mas segundo informações, preliminares, a presença de porcos selvagens na pista de pouso, pode ter obrigado o piloto a realizar uma manobra conhecida como “arremeter”.

Logo em seguida, as informações são de que a aeronave perdeu altitude e caiu, seguido de uma explosão.

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