O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estuda a possibilidade de capturar e transferir para uma área isolada do Pantanal a onça-pintada que feriu o morador Valdinei da Silva Pereira, de 57 anos, na noite de quarta-feira (6), em Corumbá.
A medida é analisada em conjunto com outros órgãos como alternativa para evitar novos encontros entre felinos e moradores na região de encosta do Bairro Dom Bosco.

Segundo informações do órgão, emitida durante reunião realizada na tarde desta quinta-feira (7), o animal teria se aproximado da residência em busca de cães que estavam soltos no quintal. Ao tentar afastá-lo, Valdinei foi atingido e sofreu cortes na cabeça e no nariz, além de lesão no olho direito. Apesar dos ferimentos, ele recebeu atendimento e não corre risco de morte.

A analista ambiental do Ibama em Mato Grosso do Sul, Fabiane Gonçalves de Souza, explicou que, até o momento, não há indícios de que o felino tenha atacado diretamente o morador. “Aparentemente, o objetivo da onça era capturar os cães, o que reforça a importância de manter animais domésticos em segurança durante a noite”, disse. Caso seja autorizada, a captura incluirá técnicas e equipamentos específicos para o manejo seguro e a relocação do animal para uma área adequada de seu habitat natural.
Nos últimos meses, a presença de onças-pintadas na área urbana de Corumbá tem sido registrada com maior frequência. Desde o fim de março, dois felinos foram vistos em pontos próximos ao Parque Marina Gattass e à Cacimba da Saúde, onde já houve ataques a animais domésticos. A Polícia Militar Ambiental, a prefeitura e organizações ambientais montaram uma força-tarefa para monitorar os deslocamentos e reduzir riscos à população.
Especialistas apontam que a aproximação das onças está ligada à oferta de presas fáceis, como cães e gatos soltos, além de fatores ambientais como queimadas e seca no Pantanal. A ausência de iluminação pública, a vegetação densa e o descarte irregular de lixo também favorecem a permanência desses animais próximos às residências. Em julho, com a melhoria das condições e recolhimento de animais domésticos, as aparições diminuíram, mas o caso recente reacendeu o alerta.