Com quase 709 quilos de drogas e mais de R$ 8 milhões em produtos ilegais retidos só nos seis primeiros meses de 2025, a Receita Federal vem apertando o cerco na fronteira de Corumbá. A cidade, que faz divisa com a Bolívia, voltou a chamar atenção como um dos principais corredores para o contrabando e o tráfico internacional.
A resposta do órgão federal envolve o reforço em inteligência, drones sobrevoando áreas críticas, operações conjuntas com o Exército, DENAR, Polícia Civil, MAPA, Polícia Federal, Dracco, PM , PRF, Exército, Marinha e Ministério Público Federal — e o fechamento de ao menos 12 trilhas clandestinas usadas pelo crime organizado. Em algumas delas, os próprios criminosos haviam instalado câmeras para monitorar a movimentação da fiscalização.
Entre janeiro e meados de junho, o total de apreensões na região chegou a R$ 41 milhões. Só em entorpecentes, foram 245 kg de cocaína, 204 kg de pasta base, 133 kg de skunk, 114 kg de maconha e 12 kg de haxixe. Em junho, uma carga de 25 mil litros de éter, que seria exportada clandestinamente, também foi interceptada. De acordo com o órgão, o produto seria suficiente para produzir até 75 toneladas de cocaína pura.

No campo das mercadorias, os fiscais encontraram de tudo: GLP (gás de cozinha), perecíveis, cabelo humano, remédios, roupas, eletrônicos e uma série de produtos sem nota ou com origem suspeita, totalizando mais de R$ 8 milhões. A lista mostra como o contrabando diversificou as rotas e os tipos de carga, exigindo uma atuação mais ampla da fiscalização.
Algumas operações se destacaram no semestre. Em janeiro, a Barba Negra do Pantanal, feita com apoio do Exército e da Polícia Civil, desmontou um ponto de comércio ilegal no centro da cidade. Em março, um avião improvisado — apelidado de “Frankenstein” — foi apreendido antes de ser exportado para o transporte de drogas. E em abril, 15.544 pares de tênis falsificados foram interceptados antes de chegar ao comércio local.

A avaliação interna da Receita Federal é de que Corumbá se tornou não apenas uma porta de entrada de produtos ilícitos, mas também uma base de saída de insumos usados pelo narcotráfico. O ponto de fronteira está sendo tratado como um espaço estratégico e de teste para novas tecnologias e métodos de controle aduaneiro, com potencial de replicação em outras áreas do país.
📊 Apreensões – Receita Federal em Corumbá (01/01 a 15/07/2025)
Tipo de Apreensão | Quantidade / Descrição | Valor Estimado (R$) |
---|---|---|
MERCADORIAS | ||
Gás de cozinha (GLP) | — | 783.534,81 |
Perecíveis | — | 15.514,50 |
Vestuário | — | 281.593,60 |
Eletrônicos | — | 244.061,89 |
Cabelo humano | — | 11.700,00 |
Remédios (uso humano) | — | 177.651,20 |
Itens diversos | — | 6.531.476,63 |
Subtotal Mercadorias | 8.045.532,63 | |
ENTORPECENTES | ||
Cocaína | 245,00 kg | 12.250.000,00 |
Pasta base de cocaína | 204,05 kg | 5.101.250,00 |
Skunk | 133,30 kg | 9.997.500,00 |
Maconha | 114,20 kg | 4.111.200,00 |
Haxixe | 12,30 kg | 1.476.000,00 |
Subtotal Drogas | 708,85 kg (total geral) | 32.935.950,00 |
TOTAL GERAL | R$ 40.981.482,63 |