Mato Grosso do Sul ocupa posição central no tráfico internacional de drogas que atravessa o Brasil. Só no primeiro semestre de 2025, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) recolheu 8,3 toneladas de cocaína em estradas que cortam o Estado — volume que representa cerca de um terço do total apreendido em rodovias federais do país neste período.
A maior parte dessas interceptações aconteceu em trechos da BR-262, rota preferencial do tráfico por conectar a fronteira com a Bolívia a cidades estratégicas do Centro-Oeste. Um dos casos mais inusitados registrados neste ano envolveu a apreensão de 162 quilos de cocaína escondidos em um caixão, transportado por um carro funerário que saiu de Corumbá com destino a Campo Grande.
No acumulado nacional, a PRF contabiliza 24,9 toneladas da droga retiradas de circulação entre janeiro e junho, o que representa aumento de quase 19% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a corporação, as cargas ilegais saem principalmente de regiões fronteiriças, com destino aos grandes centros urbanos ou aos portos, usados como via de saída para outros continentes, especialmente Europa e Oceania.
Além de Mato Grosso do Sul, que lidera o ranking, os estados com mais apreensões de cocaína foram Mato Grosso, com 4,2 toneladas — metade delas encontradas na BR-364 —, e o Paraná, que registrou 2 toneladas, principalmente na BR-487. A maior apreensão de 2025, no entanto, ocorreu fora desses estados: em Pau D’Arco, no Pará, onde 496 quilos estavam escondidos entre abacaxis levados por um caminhão que trafegava pela BR-155.
Outro flagrante relevante aconteceu na BR-101, na Paraíba, onde agentes encontraram 1,3 tonelada da droga. O uso das estradas para escoamento de entorpecentes, segundo a PRF, tem relação direta com o endurecimento da fiscalização em portos e aeroportos, que forçou o crime organizado a ampliar o uso da malha rodoviária para driblar o controle internacional.
O Brasil conta atualmente com 75 mil quilômetros de rodovias federais e cerca de 17 mil quilômetros de fronteiras terrestres, facilitando o deslocamento das quadrilhas por dentro do território nacional até os pontos de envio da droga para o exterior. A presença de regiões de fronteira com Bolívia e Paraguai torna Mato Grosso do Sul um dos principais corredores para o tráfico transnacional.