O Brasil registrou 45.747 mortes violentas em 2023, média de 125 por dia. O dado consta no Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Apesar da alta quantidade, trata-se da menor taxa de homicídios em três décadas.

Na comparação com 2022, houve uma queda de 1,4%, quando foram registradas 46.409 mortes. A redução é ainda mais significativa quando comparada ao pico de homicídios em 2017, ano com 65.602 vítimas. Desde então, a queda foi de 30%.

Taxa por 100 mil habitantes

Com base na população estimada, o país alcançou a menor taxa de homicídios já registrada pela série histórica do Atlas: 21,2 mortes por 100 mil habitantes. Em 2022, o índice era de 21,7. O maior patamar ocorreu em 2017, com 31,8.

De acordo com o coordenador do estudo, Daniel Cerqueira, do Ipea, dois fatores explicam a queda contínua nas taxas: o envelhecimento da população, que reduz a proporção de jovens — grupo mais associado à violência — e mudanças nas estratégias de segurança pública.

“O jovem é figura central, tanto como vítima quanto como autor. À medida que a população envelhece, há menos exposição à violência”, afirmou Cerqueira.

O pesquisador também destaca o que chama de “revolução invisível” na segurança, marcada pela adoção de métodos baseados em dados, inteligência policial e prevenção social.

Armas de fogo e subnotificação

O estudo aponta que 32.749 homicídios em 2023 foram cometidos com armas de fogo, representando 71,6% do total. Embora o número seja inferior ao de 2017, quando 49 mil mortes foram causadas por armas, os autores alertam para falhas na fiscalização.

Entre os estados com maiores taxas de homicídios por armas estão Amapá (48,3), Bahia (36,6) e Pernambuco (30,8). Já os menores índices foram registrados em São Paulo (3,4), Santa Catarina (4,4) e Distrito Federal (5,3).

O relatório também introduz o conceito de “homicídios ocultos”, que são casos de violência não corretamente classificados nos registros oficiais. Entre 2013 e 2023, estima-se que 51.608 homicídios deixaram de ser contabilizados, elevando a taxa estimada de homicídios para 23 por 100 mil habitantes em 2023.

“Com a inclusão desses dados, São Paulo deixa de ser o estado com a menor taxa e passa para a segunda posição, atrás de Santa Catarina”, informa o estudo.

Panorama por estados

Vinte estados apresentaram taxas acima da média nacional, com destaque para Amapá (57,4), Bahia (43,9) e Pernambuco (38). Os menores índices foram registrados em São Paulo (6,4), Santa Catarina (8,8) e Distrito Federal (11).

O Atlas ainda aponta que 11 unidades da federação têm conseguido reduzir a taxa de homicídios de forma consistente nos últimos oito anos, incluindo Minas Gerais, Goiás, Paraíba e Espírito Santo.

Na contramão, o Amapá registrou aumento de 88,2% nas mortes violentas desde 2013, sendo o estado com maior crescimento proporcional no período.