A onça-pintada envolvida na morte do caseiro Jorge Ávalos, 60 anos, não será reintroduzida à natureza. Conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o animal será mantido em cativeiro e incorporado ao Programa de Manejo Populacional da Onça-Pintada.
Segundo informações divulgadas pelo jornal CNN Brasil, a decisão foi tomada em conjunto com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc). A instituição que receberá o felino ainda será definida, respeitando critérios de manejo e bem-estar animal.
Atualmente, a onça permanece aos cuidados no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), em Campo Grande. Conforme o boletim veterinário mais recente, divulgado na sexta-feira (25), o macho, de aproximadamente 9 anos e 94 quilos, apresenta quadro de desidratação e alterações nos sistemas hepático, renal e gastrointestinal. O peso registrado é inferior ao considerado ideal para a espécie.

Ainda segundo o Cras, o animal está consciente e em observação contínua, sem episódios de vômito ou regurgitação nas últimas horas. A equipe aguarda resultados de exames complementares, como raio-x, ultrassonografia e hemograma, para concluir o diagnóstico clínico.
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A captura do felino foi realizada por equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) com o uso de armadilhas na região de Aquidauana, onde ocorreu o ataque. De acordo com os registros, o animal invadiu a propriedade rural durante a madrugada de terça-feira (23).
Ceva pode ter motivado o ataque
Em coletiva de imprensa, o secretário-adjunto da Semadesc, Arthur Falcette, confirmou que Jorge Ávalos mantinha uma prática conhecida como ceva para alimentar a onça-pintada. Segundo o secretário, essa relação anormal entre o homem e o animal pode ter influenciado o comportamento do felino, culminando no ataque fatal entre os dias 20 e 21 de abril.
A ceva consiste em oferecer alimentos a animais selvagens para atraí-los a determinados pontos, prática comum entre pesquisadores e fotógrafos da natureza, mas condenada por ambientalistas, sobretudo quando utilizada em áreas de convívio humano. No caso de onças-pintadas, a ceva envolve geralmente o uso de carcaças de bois, porcos ou outros animais de médio porte.
Além de projetos científicos, a técnica passou a ser explorada em atividades turísticas em algumas regiões do Pantanal, aumentando a preocupação de especialistas quanto aos riscos de aproximação excessiva entre humanos e grandes predadores.