O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, revelou que está em diálogo com quatro legendas políticas para viabilizar sua candidatura nas eleições marcadas para 17 de agosto. As tratativas ocorrem dias após a ruptura do acordo com a Frente para a Vitória (FPV), sigla pela qual planejava disputar o pleito.
Durante participação em seu programa na emissora Kawsachun Coca, Morales declarou que já se reuniu com dois desses partidos e as conversas com os outros dois estão previstas para os próximos dias.
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Segundo ele, a definição sobre qual legenda usará na disputa presidencial será tomada em breve.
“Neste momento temos quatro partidos. Por isso digo com certeza e firmeza que não é uma questão de sigla”, afirmou, sem divulgar os nomes das siglas envolvidas nas conversas.
Impasses e alegações de pressão política
O acordo com a FPV havia sido anunciado em fevereiro, mas foi desfeito oficialmente na semana passada. Segundo Eliseo Rodríguez, presidente da sigla, a decisão foi tomada após discordâncias sobre a escolha do vice na chapa de Morales.
O partido defendia que o nome deveria sair de suas fileiras, enquanto aliados de Morales propunham outro nome, o que causou atrito entre os grupos.
Além disso, Rodríguez criticou declarações recentes de Morales, nas quais ele sugeria que, caso o pacto com a FPV não se concretizasse, existiriam outras legendas dispostas a abrigar sua candidatura.
Morales, por sua vez, atribuiu a ruptura a supostas pressões políticas. Ele afirmou que o governo de Luis Arce, atual presidente e seu ex-aliado, teria influenciado a FPV a abandonar o acordo.
“A quebra do pacto se deve à pressão, às fofocas e às ameaças que o governo exerceu contra essa organização”, afirmou o ex-mandatário, reforçando o clima de tensão dentro do campo político boliviano.
Criação do partido Evo Pueblo e questionamento jurídico
Em meio ao embate com o governo de Arce, Morales e seu grupo criaram, no fim de março, o partido Evo Pueblo. A nova sigla, no entanto, não foi registrada a tempo para disputar as eleições deste ano. Por isso, o plano inicial era lançar sua candidatura por meio da FPV.
Mesmo diante de uma decisão constitucional que estabelece o limite de uma única reeleição — seja ela consecutiva ou não —, Morales insiste que tem direito de participar do novo pleito. Ele governou a Bolívia por três mandatos consecutivos, entre 2006 e 2019.
Anúncio de mobilização até La Paz
No mesmo pronunciamento, Morales confirmou que seu grupo político se mobilizará em 16 de maio rumo a La Paz, onde pretende registrar formalmente as candidaturas junto ao Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). A marcha é uma das estratégias para manter sua base mobilizada diante das disputas internas e dos obstáculos legais que envolvem sua possível candidatura.