Corumbá (MS)- A seca que assola o Pantanal, uma das maiores áreas alagáveis do planeta, já é considerada a mais severa desde o início do monitoramento, há 124 anos. No último sábado (12), o Rio Paraguai, na estação de Ladário, atingiu uma cota de -62 cm, marcando o menor nível já registrado. Esse recorde supera o anterior de -61 cm, registrado em 1964, de acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
O cenário ainda se agravou, apesar das chuvas que caíram, tanto na região de Ladário como no Mato Grosso neste final de semana. Nesta segunda-feira, 14 de outubro, o centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, órgão ligado a Marinha do Brasil, registrava uma cota de -66 cm em Ladário, superando em 5 centímetros o recorde anterior.
A crise hídrica no Pantanal vem sendo monitorada desde o início do ano, com alerta de pesquisadores sobre o risco de atingir um novo recorde negativo, resultado do baixo índice de chuvas. Segundo o pesquisador Marcus Suassuna, a seca é consequência das chuvas abaixo da média na estação chuvosa, que se estende desde outubro de 2023. Desde 2020, o bioma enfrenta um déficit pluviométrico de aproximadamente 1.020 mm, com destaque para o período entre outubro de 2023 e setembro de 2024, quando o volume de precipitação foi 395 mm abaixo do esperado.
Esse déficit hídrico afeta diretamente o nível dos rios que cortam o Pantanal, sobretudo o Rio Paraguai, essencial para a navegação e para a pesca, atividades fundamentais para a população local. A estação de Ladário, que possui a série histórica mais longa de medições de cotas do rio, é uma referência para previsões hidrológicas e para o tráfego fluvial.
O SGB informou que, embora já tenha chovido no Pantanal, a recuperação do nível da Bacia do Rio Paraguai será lenta. Em Ladário, o rio deve permanecer abaixo do nível zero até meados de novembro, impactando as atividades econômicas na região.
“O ritmo de descida do rio diminuiu e está estabilizado desde segunda-feira (7), com as primeiras chuvas da nova estação. Ainda assim, essas precipitações não devem ser suficientes para uma recuperação rápida dos níveis”, destacou Suassuna.
Outros pontos de monitoramento no Pantanal também registraram níveis críticos. Em Porto Murtinho, o Rio Paraguai alcançou 62 cm, e em Barra do Bugres (MT), uma cota de 22 cm foi observada, evidenciando os desafios impostos pela seca a todo o bioma.
*Com informações Campo Grande News