A crise hídrica na Bacia do Alto Paraguai (BAP) se intensifica com a previsão de chuvas somente para outubro, e ainda assim abaixo da média histórica, segundo autoridades ambientais. Mesmo com a Usina Hidrelétrica de Manso, em Mato Grosso, liberando mais água de seu reservatório, a seca persiste de maneira preocupante.
Um dos cenários mais críticos é registrado em Assunção, capital do Paraguai, onde o Rio Paraguai atingiu, na sexta-feira (6), seu menor nível em 121 anos de medições: – 77 centímetros. O Rio Paraguai é a principal fonte de água do Pantanal, e a queda acelerada de seu nível afeta diretamente o ecossistema e as atividades econômicas da região.
Em Mato Grosso do Sul, a situação não é diferente. A régua de Ladário, cidade vizinha a Corumbá, marcava 74 centímetros em julho, mas caiu para apenas 17 centímetros em agosto. Já em Porto Murtinho, o nível do rio despencou de 169 para 128 centímetros no mesmo período, conforme dados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
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“O cenário aponta para um aumento no nível crítico. Mesmo com a previsão de chuvas para outubro, o volume será insuficiente, o que já traz consequências graves para setores como agropecuária e transporte hidroviário, especialmente o de minérios, que está praticamente suspenso”, afirmou Jaime Verruck, titular da Semadesc, durante uma reunião da Sala de Crise da BAP.
Na ocasião, especialistas do Cemaden, INPE, Serviço Geológico do Brasil e Operador Nacional do Sistema Elétrico apresentaram dados que reforçam a previsão de um período prolongado de chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas nas próximas semanas. Em Mato Grosso do Sul, o transporte de cargas pelo Rio Paraguai foi interrompido desde o mês passado, quando a ANA declarou situação de escassez hídrica na Região Hidrográfica do Paraguai.