Justiça aceita denuncia contra vereador acusado de lavar dinheiro do tráfico em Corumbá

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  • Post publicado:19 de dezembro de 2023

O vereador Allex Dellas (Republicanos), líder do prefeito Marcelo Iunes (PSDB) na Câmara Municipal de Corumbá, é um dos denunciados pelo Ministério Público Federal por integrar uma organização criminosa, acusada de lavar o dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas, no município.

A denúncia aceita pela justiça é resultado da Operação Mamon, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2021, que desarticulou um esquema que movimentou R$ 80 milhões reais em quatro anos na fronteira com a Bolívia.

Segundo o MPF, a organização criminosa era formada por membros de duas famílias, a Della e a Nogueira, que usavam estabelecimentos comerciais de pequeno porte, como lanchonetes, sorveterias e lojas de roupas, para ocultar a origem ilícita dos recursos provenientes do tráfico de drogas.

A família Della era liderada por Ale Tahir Della, pai de Allex Dellas e de Matheus Prado Della, também envolvido no esquema. A família Nogueira era composta por Ioneide Nogueira, esposa de Ale Della, e seus filhos, que atuavam como laranjas.

As investigações revelaram que, em um dos estabelecimentos suspeitos, cerca de 90% do faturamento vinha de transações de apenas três cartões de crédito, sendo dois deles de Allex Dellas.

image vereador acusado de lavar dinheiro do tráfico
Esquema usava estabelecimentos de fachada para dar ar de legalidade para atividade criminosa

Um dos modus operandi do grupo era a utilização de cartões de créditos para efetuar compras fantasiosas, para aparentar que se tratava de um negócio com grande movimento de compra e venda, quando, na verdade, o local possuía pequeno fluxo de clientes.

Com esse mecanismo, havia uma troca de recursos ilícitos, os quais eram utilizados para efetuar os pagamentos das faturas dos cartões, por recursos lícitos, creditados pela operadora de crédito. Em um dos estabelecimentos investigados, cerca de 90% do faturamento vinha de cartões de crédito dos próprios integrantes da família.

Um deles detinha consigo uma máquina de cartão de crédito na cidade de Belo Horizonte (MG), por meio da qual efetuava compras na loja de conveniência localizada em Corumbá, a mais de 1.600 quilômetros de distância.

PF apontou que quadrilha possuia carros e imóveis incompatíveis com os rendimentos declaroados

O grupo também mantinha relações financeiras com pessoas de fora da rede familiar, muitas delas investigadas, processadas ou condenadas por tráfico, dentre outros crimes.

Uma apreensão de cheques em uma das empresas investigadas revelou transação em valor superior a R$ 7 milhões, em cheques emitidos por mais de 600 pessoas distintas. Várias delas, com antecedentes criminais por tráfico de drogas, contrabando, receptação, lavagem de dinheiro, entre outros, demonstrando a relação íntima dos denunciados com o cenário da criminalidade.

Além disso, a análise dos dados telemáticos em nuvem de Ale Tahir Della e Ioneide Nogueira mostrou que alguns atos ilícitos só eram praticados por Ale Tahir Della após consulta e autorização de Allex Dellas, já que o mesmo possui formação em Direito.

Allex Dellas foi eleito em 2020 para seu primeiro mandato e, atualmente, é o líder do prefeito na Câmara Municipal.

vereador acusado de lavar dinheiro do tráfico
vereador acusado de lavar dinheiro do tráfico é líder do prefeito Marcelo Iunes na Câmara Municipal

A reportagem do Folha MS entrou em contato com o vereador na manhã desta terça-feira (19). O parlamentar afirmou que acompanha o caso, e que irá provar sua inocência junto a justiça no decorrer do processo.

“É a mesma linha que eu respondi da vez passada, quando foi feita a matéria. É uma cronologia, estou à disposição da lei, ninguém está acima da lei, como eu sempre uso esse termo. Vamos estar acompanhando os desdobramentos do processo. E eu tenho certeza da minha lisura, da minha inocência, do meu caráter e vou estar aprovando isso dentro do processo”, disse.

O MPF denunciou os acusados por organização criminosa e lavagem de dinheiro, com os agravantes de manter conexão com outros grupos criminosos independentes e ter operações internacionais. A pena prevista para esses crimes varia de três a dez anos de reclusão, além de multa.

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