Audiência Pública: Sob vaias população questiona alto valor da taxa do lixo em Corumbá

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  • Post publicado:10 de novembro de 2023

Corumbá (MS) – Inconformados com a taxação abusiva imposta pela Prefeitura sob argumentação da criação do Novo Marco do Saneamento Básico, a população e representantes de diversos setores da sociedade civil corumbaense, compareceram na tarde desta quinta-feira, 09 de novembro, no plenário da Câmara Municipal de Corumbá, onde ocorre a Audiência Pública, para debater sobre a nova cobrança.

A audiência não foi das mais tranquilas. Além de vaias, contribuintes criticaram o valor a quye foram taxados, e se mostraram a favor da suspensão da taxa. O entendimento, que já é uma das propostas da vereadora Raquel Bryk e Chicão Vianna, foi seguido também pelo vereador Elinho Junior, que defendeu uma revisão da base de cálculo.

O vereador Nelsinho Dib e o presidente da Casa de Leis, Ubiratan Canhete de Campos Filho, que abriu a audiência e passou a presidência dos trabalhos para a vereadora Raquel, também compartilharam do sentimento de indignação da população e se mostraram favoráveis a uma revisão dos valores.

Nelsinho, inclusive, questionou o motivo do município ter contratado uma empresa especializada, para elaborar o cálculo, sendo que “a Prefeitura possui servidores capacitados para esse trabalho, o que teria se evidenciado em uma redução de gastos”, se referindo ao fato de que o trabalho feito custou cerca de R$ 900 mil aos cofres públicos.

Mais alto que IPTU

Moradores que se fizeram presentes altos valores. Lidiane Rodrigues, por exemplo, diz que é assalariada, que sua taxa de lixo foi de R$ 464,00, bem acima do IPTU que é R$ 187,00, e a conta de água que não chega a R$ 90,00. Ela quis saber qual foi o critério para se chegar a esse valor, mas a empresa responsável, não estava presente para responder.

Gleice Mara Surubi Nunes disse ter ficado constrangida dias atrás. “Fui ao CAC pegar segunda via do IPTU e me informaram que o boleto da minha taxa de lixo já estava disponível. Como assim, já paguei três parcelas dessa taxa na conta de água e estão me cobrando de novo?”, indagou.

Empresa não compareceu à audiência

Uma questão bastante discutida foi em relação à fórmula utilizada como base de cálculo para se chegar ao valor da taxa. Esperava-se a presença da empresa contratada pela Prefeitura, responsável pelo processo, a Deméter Engenharia, o que acabou sendo por meio de videoconferência que, devido ao sinal de internet, acabou não ocorrendo, gerando críticas no plenário, já que a presença física dos responsáveis era aguardada, para maiores explicações sobre a fórmula da fase de cálculo.

O secretário Ricardo Ametlla, de Infraestrutura e Serviços Públicos, defendeu a empresa, afirmando que a apresentação não foi possível devido a ‘falhas’ no sinal de internet da Câmara. Lembrando que esta é a segunda vez que a presença física da empresa é questionada. A primeira foi em um encontro da equipe da Prefeitura com vereadores que já questionavam o alto valor da taxa, quando a empresa optou uma apresentação por meio de videoconferência.

Líder do prefeito defende a cobrança

Líder do prefeito Marcelo Iunes na Câmara, vereador que teve assessor flagrado em áudio da PF comprando votos em troca de marmitex e ainda indiciado em processo de lavagem de dinheiro do tráfico, Alex Della, defendeu a cobrança da taxa e argumentou que questionamentos dos vereadores contrários a taxação é politicagem.

Della, ainda questionou aos vereadores, o porquê não teriam acionado a justiça, ao invés de “propagar inverdades” para população, já que segundo eles, se trata de uma lei inconstitucional.

Logo em seguida a fala do vereador se ouviu uma vaia da população direcionada ao seu posicionamento. “Posso até ser vaiado, mas falar inverdades, ai não é minha questão”, complementou.

Representante da OAB explica

Para sanar a dúvida do parlamentar quanto ao seu desconhecimento da legislação, o representante da OAB, advogado Nivaldo Paes Rodrigues, explanou que o que se coloca em pauta é sobre a legitimidade e interpretação quanto aos vícios de inconstitucionalidade observados e aprovados na lei municipal, e não na legitimidade do marco regulatório do saneamento básico já analisado pelo STF.

representante oab
Representante da OAB esclareceu que debate não se baseia na Lei do Marco regulatório do Saneamento básico já analisado pelo STF e sim, vícios inconstitucionais na regulamentação municipal aprovada em lei pelos vereadores

“O vereador falou sobre a legalidade da lei aprovada por esta casa em vigor, que ela é constitucional. Veja bem, sobre o aspecto constitucional ou não, como se trata de uma lei municipal, não é o supremo que faz o controle dessa constitucionalidade, é o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul através da legitimidade de alguns entes que podem propor a ação e também via um estudo profundo dessa lei.

Essa lei tem dois aspectos a ser analisados, no aspecto formal, ela é legal, porque foi aprovada em duas votações aqui por esta casa, e sancionada pelo prefeito, mas o conteúdo dela, muito bem analisado pelo Dr. Gabriel, contém vícios, e um desses vícios é de que, toda taxa precisa ser acompanhada de uma contraprestação de serviços… agora, é justo uma locação que produz uma grande quantidade de lixo, pagar o mesmo índice de quem produz um saquinho de lixo?” questionou o advogado.

  • O trecho mencionado pela reportagem pode ser conferido a partir de 1:47:00 de transmissão do vídeo a seguir:

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