A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (31/8) a Operação Náuatle, que investiga a atuação de grupos criminosos que promoviam a entrada de imigrantes ilegalmente em território nacional pela cidade de Corumbá, fronteira com a Bolívia.
Desde as primeiras horas da manhã desta quinta, 26 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva estão sendo cumpridos em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal.
As investigações tiveram início há cerca de seis meses, após a Polícia Federal identificar um aumento expressivo do fluxo migratório irregular na região.
Os grupos criminosos investigados funcionavam com a atuação de coiotes, que introduziam os imigrantes em território brasileiro burlando a fiscalização migratória, sem autorização para entrada ou permanência em território nacional, mediante cobrança de valores em dinheiro.
Já em território nacional, os imigrantes embarcavam em ônibus clandestinos e eram conduzidos, em grande maioria, até a capital paulista, onde eram empregados no setor da indústria têxtil, muitas vezes em condições de trabalho degradantes.
![PF deflagra operação contra migração ilegal na região de fronteira em Corumbá 2 migracao1](https://folhams.com.br/wp-content/webp-express/webp-images/uploads/2022/09/migracao1-1024x576.jpg.webp)
Muitos desses imigrantes acabavam sendo recrutados pelo narcotráfico para servirem como “mulas”, transportando drogas para o Brasil e retornando com dinheiro em espécie para a Bolívia (cash courier).
O esquema contava com a participação de empresários do ramo de transporte de passageiros, que disponibilizavam ônibus para a realização do transporte dos imigrantes sem conhecimento e autorização dos órgãos de controle, além de motoristas de aplicativos, que atuavam no transporte transfronteiriço dessas pessoas ou como batedores, visando dificultar a fiscalização por parte da polícia.
Os investigados poderão responder pelos crimes de promoção de migração ilegal, organização criminosa e lavagem de dinheiro, conforme o aprofundamento dos trabalhos investigativos.
O nome da operação é uma referência à língua e ao povo Náuatle, de origem asteca, que deram nome ao coiote, como são conhecidos os criminosos que promovem a introdução de imigrantes ilegais em território de outro país.