INPE confirma: número de focos de incêndios no Pantanal foi 63% menor nesse ano

Focos de incêndios atingem região do Buraco das Piranhas em Corumbá
Incêndios atingiram região do Buraco das Piranhas em Corumbá / Fotos: Divulgação CBMMS
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  • Post publicado:9 de dezembro de 2021

O número de focos de incêndios no Pantanal de janeiro a novembro deste ano foi 63% menor do que o verificado no mesmo período do ano passado. Os dados são do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) catalogados pelo CEMTEC/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro). Foi a redução mais significativa de focos de calor em todos os biomas do país, muito acima do registrado na Amazônia, por exemplo, que teve queda de 26%.

De janeiro a novembro do ano passado, foram registrados 21.893 focos de incêndios no Pantanal. A situação chegou ao nível de catástrofe ambiental com mais de 1 milhão de hectares de vegetação queimados, causando perdas irreparáveis para a flora e fauna locais. Nesse ano o governo do Estado tomou medidas preventivas que se mostraram eficazes não só para evitar o início de incêndios, como para combater as chamas antes de se alastrarem. O resultado: de janeiro a novembro foram registrados 8.110 focos, ou seja, 63% a menos do que ocorreu no mesmo período do ano passado.

O ano de 2020 foi disparado o que teve mais ocorrências de queimadas no Pantanal desde 1998, quando esse fenômeno passou a ser monitorado. Os recordes anteriores foram em 2002 e 2005, com cerca de 15 mil focos registrados. Em 2019 a situação já apontava para um aumento em consequência das condições climáticas (estiagem prolongada e altas temperaturas), atingindo 10 mil focos. Nesse ano a situação retroage para níveis consideráveis, embora ainda esteja acima de 8 mil focos em todo bioma.

Em 2021, o mês de setembro apresentou o pico de incêndios no Pantanal com quase 3 mil focos. Porém desde junho, com início da estiagem, a situação já mostrava piora (ver gráfico). Em outubro começou a redução no número de focos e em novembro, com a volta da regularidade das chuvas, a situação se normalizou.

Medidas

O governo do Estado investiu mais de R$ 56 milhões em equipamentos e ações de prevenção e combate aos incêndios florestais, e também para mitigar os efeitos negativos das queimadas. Destaca-se a aquisição de uma aeronave específica para combate a incêndios, além de mais viaturas e materiais para equipar o Corpo de Bombeiros.

Entre as medidas adotadas nesse ano estão a proibição de quaisquer tipos de queimadas, mesmo aquelas controladas e com autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), a partir de julho, quando a situação já começava a preocupar. No início de novembro o Imasul retirou a proibição de queimadas controladas de todo Estado, mantendo a regra apenas na planície pantaneira até o fim do ano.

Ao mesmo tempo, equipes do Corpo de Bombeiros e brigadistas providenciavam o mapeamento de estradas e acessos; aceiros; orientação nas propriedades rurais; vistoria em pontes de madeira; verificação de pista de pouso e fontes de captação de água; formação de brigadas; e monitoramento constante dos focos de calor para se antecipar a uma situação de catástrofe como verificado em 2020.

Além disso, o Corpo de Bombeiros elaborou ou um Plano de Chamada estruturado em três níveis de acionamento: com capacidade de mobilização total de aproximadamente 800 militares, aproximadamente dois terços do seu efetivo total, para atender ocorrências emergenciais. No início de novembro, após 144 dias de operação ininterrupta, a corporação desmobilizou a tropa já com a situação totalmente sob controle.

Reuniao Sala de Situac%CC%A7a%CC%83o 2 Incêndios no Pantanal

A formação de brigadas florestais é outra iniciativa inédita do governo, cujos efeitos podem ser observados no controle dos incêndios, uma vez que os próprios moradores podem dar a primeira resposta e passar informações mais detalhadas até a chegada dos bombeiros, que em alguns casos pode demorar horas, visto que na maioria dos casos o acesso terrestre às áreas afetadas é muito difícil.

O assessor militar da Semagro, coronel Moreira, ressalta que a vigilância dos bombeiros militares e dos setores de fiscalização tem sido ininterrupta no bioma pantaneiro e nos parques estaduais, com monitoramento aéreo e por dados e imagens de satélites. O monitoramento é realizado na Sala de Situação, instalada no Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, unidade que fica no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande.

Da Sala de Situação são emitidos alertas para as guarnições se deslocarem imediatamente às áreas em que foram registrados focos de calor. Os focos são verificados in loco e comunicados ao Imasul. Sendo assim, todo foco tem uma resposta do Corpo de Bombeiros, seja no combate direto ou no levantamento da área para posterior autuação ou orientação. Essa fiscalização rigorosa almeja que seja evitada a propagação do fogo por atos criminosos.