Por falta de anestesista, paciente oncológico tem cirurgia cancelada na Santa Casa de Corumbá

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Santa Casa de Corumbá
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  • Post publicado:30 de setembro de 2021

Corumbá (MS)- Dois pacientes que aguardavam a realização de procedimentos cirúrgicos em patologia oncológica na Santa Casa de Corumbá, receberam alta sem realização das cirurgias nesta quinta-feira (29), devido a ausência de profissional anestesista.

A informação foi confirmada pela reportagem do Folha MS junto com profissionais médicos. Em contato com um dos pacientes dispensados, o mesmo relatou que foi diagnosticado com dois tipos de câncer no estomago e internou na unidade na terça-feira (28), pela manhã.

“Internei e realizei todo procedimento pré-operatório. Inclusive na terça-feira a noite passei por um procedimento de lavagem estomacal e já estava pronto para cirurgia quando o médico informou que teria de me dar alta”, relatou o paciente que deveria passar pela cirurgia na tarde desta quinta-feira.

“Fui muito bem tratado por toda equipe médica, enfermeiros desde a recepção até a assistência social, nos fazem realmente sentir em casa, mas infelizmente aconteceu essa questão de ter de ser adiada a cirurgia porque não tinha anestesista”, informou o paciente de 56 anos, que relata sofrer com muitas dores devido ao câncer.

O paciente relatou também não ter recebido uma previsão para que uma nova data fosse marcada e a cirurgia realizada.

O que diz a Santa Casa

Em contato com a diretoria administrativa da Santa Casa de Corumbá, a reportagem foi informada de que houve um retorno de profissionais médicos que estariam cedidos pela Secretaria Municipal de Saúde no hospital e entre esses profissionais, o médico anestesista responsável pelas cirurgias oncológicas.

“Fomos informados pela secretaria municipal de saúde que um grupo de médicos estavam supostamente cedidos para o hospital, entretanto, nós não tínhamos conhecimento de fato de cedência de profissionais médicos para nossa unidade, até porque todos os médicos que atuam no hospital, recebem os plantões que realizam aqui na instituição. A partir disso, nós encaminhamos um ofício para Secretaria informando esse desconhecimento de que médicos prestavam serviços oriundos de cedência da SMC, solicitamos então que fosse feito a normatização e um processo para legalização das cedências, para que ai sim, esses médicos pudessem prestar serviços aqui na Santa Casa através da carga horária de cedência e o excedente de horas que fosse ultrapassado, seria efetivamente contado como plantão prestado aqui no hospital, e no meio desses profissionais, estava o anestesista das cirurgias oncológicas”, afirmou.

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Direção da Santa Casa diz que desconhecia cedência de profissionais que atuavam na unidade

Secretaria Municipal de Saúde

A reportagem ouviu o Secretário Municipal de Saúde, Rogério Leite, que lamentou o cancelamento da cirurgia por um ato que chamou de intempestividade funcional e comentou a alegação do desconhecimento da cedência de profissionais médicos para Santa Casa. Rogério ainda negou as informações que circulam em redes sociais de que os profissionais estariam em greve.

Rogério Leite explicou que desde 2018 a Secretaria Municipal de Saúde vem trabalhando na regularização e controle funcional de ponto e horas trabalhadas de todos os profissionais.

“A primeira atitude que uma direção administrativa deveria ter é de se inteirar dos assuntos pertinentes a unidade. A cedência de profissionais médicos foi criada para dar fluxo de atendimento no município que sofre com a falta de recursos humanos. Ocorre que este termo tinha a previsão de um ano, mas com a pandemia, esses processos acabaram por se entender e agora precisam ser renovados”, explicou.

O Secretario afirmou ainda, que os termos serão novamente autorizados, mas que precisam de normatização legal.

“Apesar da falta de profissionais é preciso se observar a carga horária de cada médico, e a compatibilidade desses horários com as funções exercidas. Você não pode ter profissionais trabalhando por exemplo, em dois locais ao mesmo tempo. Por isso estamos trabalhando nessa organização de procedimentos para que não haja a duplicidade de pagamentos”, afirmou.

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Em relação a suspensão da cirurgia, Rogério lamentou o ocorrido, e reafirmou que em breve a situação será normalizada.

“Acredito que não deveria ter sido cancelada a cirurgia, foi uma intempestividade que poderia ser contornada, mas agora já estive conversando com os profissionais, já sinalizaram para o retorno do atendimento e esperamos somente a publicação em Diário Oficial para normatizar esse processo de cedência”, concluiu.  

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