Bolívia proíbe entrada de brasileiros, mas mantém envio de pacientes para tratamento de saúde em Corumbá

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Apesar de fronteira fechada, ambulância boliviana retorna após deixar paciente na Santa Casa de Corumbá
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  • Post publicado:23 de março de 2020

Corumbá (MS)- O principal tratamento para casos graves por contaminação pelo Covid-19, novo vírus responsável pela pandemia mundial que paralisou atividades no mundo todo, pode ser comprometida aos cidadãos corumbaenses devido a postura do governo em não realizar o completo fechamento da fronteira.

Nem mesmo o princípio da reciprocidade em que poderia se basear pelo fato de governos como da Bolívia e Paraguai restringirem por completo o acesso de brasileiros em seus territórios, estão sendo levados em consideração.

O fato é que o já convalido Sistema Único de Saúde, que sofre com poucos recursos, em especial nas regiões de fronteira como Corumbá,  se vê ainda mais sobrecarregado com a constante importação de doentes de países vizinhos que chegam diariamente nas unidades de saúde vindos dos municípios vizinhos, Puerto Quijarro e Puerto Suárez.

Os 10 leitos de UTI’s disponíveis na cidade e que podem salvar vidas da população Corumbaense, pode ser consideravelmente reduzido tendo em vista o constante atendimento de urgência a qual recorre a população das cidades bolivianas.

Com a iminente contaminação pelo Coronavírus em todo o mundo, uma das primeiras decisões dos governos da Bolívia e do Paraguai foi restringir por completo o acesso de brasileiros em seus territórios e colocar em quarentena os cidadãos que vierem de cidades brasileiras. As Forças Armadas dos dois países mantêm uma fiscalização rigorosa para fazer cumprir a medida do governo e barrar a entrada de estrangeiros.

Na fronteira com o Paraguai, até uma vala, foi feita para impedir o acesso de veículos que supostamente poderiam acessar o país pelo território brasileiro. Do lado boliviano, o Ministro de Defesa do país protagonizou um verdadeiro escândalo com direito a puxões de orelha em público, ao criticar o motivo pelo qual os fiscais não estavam barrando a entrada de brasileiros na fronteira com Corumbá, além de criticar o Brasil por “não estar fazendo nada” para conter a pandemia.

Enquanto isso em Corumbá….

O envio de cidadãos bolivianos em especial os que necessitam de atendimento médico não param. E nesses casos, ao contrário do que recomendou as autoridades máximas do país andino, não há nenhuma restrição, pelo contrário, o acesso é até facilitado.

Já do lado brasileiro, a inércia permanece e o trânsito continua livre sem uma fiscalização como deveria ocorrer. Não existe sequer uma equipe de controle sanitário para verificar se quem passa pela fronteira, possui os sintomas de contaminação do Coronavírus, o que poderia colocar em risco a população.

Em consulta a profissionais de medicina que atuam no centenário e único hospital da cidade, a informação é de que o fluxo de ambulâncias que chegam com os doentes continua, mesmo com o “fechamento” da fronteira.

O atendimento a cidadãos estrangeiros se estende por todos os setores da Santa Casa. Ainda conforme informações repassadas, na pediatria, cerca de 10% dos pacientes são de nacionalidade boliviana.

No CTI, dos 10 leitos, normalmente de 3 a 4 também acabam sendo ocupados por cidadãos estrangeiros. Em 2019, a estimativa da Secretaria Municipal de Saúde, foi de que atendimentos a cidadãos de outras nacionalidades foram responsáveis por 30% do total realizado na cidade, entre pediatria, maternidade, CTI e Pronto-Socorro.

Um dos médicos consultados pela reportagem, relatou que a maioria dos atendimentos se desenvolvem com procedimentos considerados de alto custo. “A grande maioria chega na unidade já em estado grave e demandam procedimentos caros, com a disponibilização de medicamentos de última geração e procedimentos de alta complexibilidade, além de uma recuperação longa dentro da unidade”, afirmou.

Sem nenhuma contrapartida dos governos vizinhos, os custos desses tratamentos acabam recaindo sobre os já sobrecarregados contribuintes brasileiros.

Mas a chegada de uma pandemia, reacende o alerta de que a benevolência brasileira e o apelo pelo atendimento humanitário, realizado sempre de maneira unilateral, poderá custar ainda mais caro para os brasileiros que poderão arcar com a própria vida em caso de superlotação das unidades, como já ocorre até em países considerados de “primeiro mundo”.

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