País atinge menor índice histórico de insegurança alimentar moderada e grave
O Brasil registrou uma queda significativa no número de domicílios em situação de insegurança alimentar grave, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2023, eram 3,1 milhões de lares nessa condição, número que caiu para 2,5 milhões em 2024, o que representa uma redução de 19,9%. Com isso, o percentual de famílias que enfrentaram fome passou de 4,1% para 3,2% do total de domicílios do país.
A pesquisa, realizada por meio da Pnad Contínua – Segurança Alimentar, mostra que a proporção de lares em situação de segurança alimentar subiu de 72,4% em 2023 para 75,8% em 2024, alcançando 59,4 milhões de famílias. Já a insegurança alimentar em todos os níveis (leve, moderada e grave) caiu de 27,6% para 24,2%, atingindo 18,9 milhões de domicílios, onde vivem cerca de 54,7 milhões de pessoas. No intervalo de um ano, 2,2 milhões de lares deixaram a condição de insegurança alimentar.
De acordo com a pesquisadora do IBGE Maria Lucia França Pontes Vieira, a melhora está relacionada tanto ao mercado de trabalho quanto a programas sociais. “Para adquirir alimentos, vai ser através de renda. Essa renda ou vem do trabalho ou de programas assistenciais”, explicou. Embora não seja possível medir exatamente o peso de cada fator, ela destacou que ambos tiveram impacto na redução da fome.
O levantamento também revela que o conjunto das duas piores formas de insegurança alimentar (moderada e grave) atingiu, em 2024, o menor nível já registrado: 7,7% dos domicílios. Em 2013, esse índice havia sido de 7,8%, mas subiu para 12,7% em 2017/2018, antes de voltar a cair nos últimos anos.
A desigualdade regional, no entanto, permanece. Enquanto nas áreas urbanas 23,2% dos lares relataram algum grau de insegurança alimentar, no campo o índice chegou a 31,4%. O Norte e o Nordeste concentram as maiores proporções de domicílios em situação moderada ou grave, com 14,1% e 12,3%, respectivamente, contra 3,8% no Sul. Entre os estados, Santa Catarina lidera em segurança alimentar (90,6%), enquanto Pará apresenta o pior índice (55,4%).
O estudo também confirma que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome, indicador da FAO que inclui países onde mais de 2,5% da população sofre de subalimentação crônica. O tema será destaque na próxima segunda-feira (13), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, promovido pela FAO.
