A estiagem prolongada e a escassez de chuvas no Pantanal configuram um cenário preocupante para a fauna e as comunidades ribeirinhas do rio Paraguai. A régua de Ladário, referência para medição do rio há 124 anos, registra um nível alarmantemente baixo para esta época do ano, prenunciando desafios socioambientais de grandes proporções.
O pesquisador do Serviço Geológico do Brasil, Marcus Suassuna, destaca que o rio não atingiu o nível histórico usual para este período, evidenciando a gravidade da situação. A comparação com anos anteriores revela a tendência de queda no nível do rio e reforça a apreensão com o futuro próximo.
Tradicionalmente, entre outubro e fevereiro, o Pantanal registra uma média de 740 milímetros de chuvas. No entanto, os três primeiros meses de 2024 acumularam apenas 457 milímetros, um déficit significativo que intensifica a seca e seus impactos negativos.
Impacto na Pesca e na Sustentabilidade
A escassez de água e o baixo nível do rio Paraguai afetam diretamente a pesca na região, atividade crucial para a subsistência de muitas comunidades. O pescador experiente Otávio Sebastião relata as dificuldades: “Sem água, os peixes não se desenvolvem e ficam confinados no leito do rio. Não há condições para seu crescimento ou reprodução, colocando em risco a sustentabilidade da pesca e a segurança alimentar das comunidades ribeirinhas”.
O pesquisador explica que o baixo nível do rio prejudica a busca por alimentos e o ciclo reprodutivo dos peixes. A falta de água limita a criação de ambientes propícios para a reprodução, intensificando a predação sobre os peixes menores e comprometendo a reprodução das espécies, ameaçando a saúde da fauna aquática e o equilíbrio do bioma.