O Pantanal pode enfrentar uma das piores secas de sua história em 2024. Segundo o Serviço Geológico do Brasil, o Rio Paraguai e seus afluentes estão muito abaixo da média histórica para esta época do ano. O órgão alerta que o rio pode superar neste ano os níveis mais baixos registrados desde 1900.
O Rio Paraguai é o principal responsável pelas cheias pantaneiras, que garantem a biodiversidade e a economia da região. A série histórica do Serviço Geológico mostra que o nível mais baixo do rio na régua de Ladário, em Mato Grosso do Sul, foi de 61 centímetros abaixo de zero, em 1964. Naquele ano, o Pantanal viveu o ápice de uma estiagem que durou 11 anos.
Em 2021, o rio quase bateu esse recorde negativo, chegando a 60 centímetros abaixo de zero, em outubro. O pesquisador Carlos Padovani, da Embrapa Pantanal, acredita que estamos passando por um período semelhante ao da década de 60. Ele diz que a pequena cheia de 2020, quando o rio atingiu 4,24 metros, foi um “ponto fora da curva” de uma seca mais longa.
Os dados da Marinha confirmam essa tendência. Em meados de fevereiro de 2021, o nível do rio em Ladário era de 1,4 metro. Agora, está em apenas 70 centímetros. Isso significa que o rio está 70 centímetros abaixo do que estava no segundo pior ano da história. E a média histórica para esta época é de 1,94 metro.
A situação é ainda mais crítica na região de Cáceres, em Mato Grosso, de onde vem a maior parte da água que enche o Rio Paraguai. O último boletim do Ministério das Minas e Energia, divulgado no dia 8 de fevereiro, mostra que o nível do rio lá estava em apenas 1,6 metro. O normal para esta época seria de 4,2 metros.
Os boletins anteriores do ministério indicam que, desde o começo da temporada das chuvas, em outubro de 2020, o Rio Paraguai e seus afluentes em Mato Grosso ficaram sempre abaixo da média histórica. Em Barra dos Bugres, por exemplo, o nível do rio no fim da semana passada era de 96 centímetros, sendo que o normal para começo de fevereiro é de 3,2 metros.
Outro sinal de alerta vem da região de Santo Antônio de Leverger, onde o Rio Cuiabá está com 3,34 metros. A média histórica para esta época do ano é de 6,21 metros. E abaixo de Ladário, no Forte Coimbra, a situação parece ainda pior. O nível do rio no último dia 8 estava em 56 centímetros abaixo de zero, sendo que a média histórica para meados de fevereiro é de 1,49 metro.
Na régua de Porto Murtinho, o nível do rio estava em 1,67 metro no fim de semana, sendo que a média histórica é de 3,28 metros. E os rios Miranda e Aquidauana, que também contribuem para o volume do Rio Paraguai, receberam pouca água nesta temporada de chuvas.
A previsão é de que o cenário se agrave nos próximos meses, com a diminuição das chuvas na região. Isso pode trazer graves consequências para o Pantanal, que já sofreu com as queimadas recordes em 2020. A seca pode afetar a fauna, a flora, a pesca, o turismo e a população ribeirinha.
*Com informações Correio do Estado