Campo Grande (MS)- O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou na manhã desta quinta-feira (15) a Operação Cascalhos de Areia, que investiga uma suposta organização criminosa envolvida em crimes de peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro. Um dos alvos da operação é a empresa ALS Transportes, que possui contratos suspeitos com a Secretaria de Obras de Campo Grande e outras prefeituras do estado.
Segundo o Gaeco, a operação visa cumprir 19 mandados de busca e apreensão em Campo Grande. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Residual da Capital. A operação conta com o apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A investigação apura a atuação da empresa ALS Transportes em contratos para manutenção de vias não pavimentadas e locação de maquinário e veículos à Prefeitura de Campo Grande, que somam mais de 300 milhões de reais. A empresa teria sido beneficiada por fraudes nas licitações e pagamentos indevidos por serviços não realizados ou superfaturados.
A empresa ALS Transportes também tem um histórico de contratos milionários com outras prefeituras do estado, especialmente com a de Corumbá. Entre 2013 e 2016, a empresa recebeu cerca de 40 milhões de reais apenas pela locação de maquinários em Corumbá. Em 2018, a empresa faturou quase R$ 16 milhões de reais por serviços de limpeza pública na cidade.
Em 2019, a empresa recebeu mais de R$ 4 milhões de reais para a suposta ‘Locação de Horas Máquinas e de Caminhões destinados a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos-SISP, no Município de Corumbá’.
O contrato, foi assinado pelo titular da pasta, Ricardo Campos Ametlla, e pelo empresário André Luiz dos Santos.
Ainda na região do Pantanal, a empresa é detentora de contratos que visam a implementação de revestimentos primários na MS-423 e MS-228, ambas assinadas com a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos).
A Polícia Federal instaurou as primeiras averiguações contra a ALS. Conforme os registros da PF entre os anos de 2007 e 2012, a construtora obteve êxito em 25 processos de licitação em diversos municípios do estado. A empresa “alegadamente está envolvida em um esquema de desvio de recursos públicos, incluindo recursos federais, devido ao elevado número de licitações vencidas, o suposto rápido crescimento patrimonial de seu proprietário e a suposta realização de retiradas significativas em dinheiro de instituições financeiras”.
A empreitada teria tido início com a venda de areia e posteriormente evoluiu para a oferta de maquinário, acumulando um vasto patrimônio em propriedades urbanas e rurais.