A Câmara Municipal de Corumbá aprovou na noite de ontem, segunda-feira, 17, por unanimidade, uma homenagem à Família Salesiana corumbaense, pela canonização no último dia 9 de outubro, do Santo Artêmides Zatti, pelo Papa Francisco, durante celebração no Vaticano.
A homenagem foi proposta pelo vereador e presidente do Poder Legislativo, Roberto Façanha, e se deve ao fato do novo Santo integrar a Família Salesiana que, por meio do Padre Osvaldo dos Santos, diretor geral da Missão Salesiana na cidade, receberá Moção de Congratulação para lembrar o feito.
A canonização ocorreu durante cerimônia no Vaticano, e contou com a presença dos cardeais, bispos, sacerdotes e missionários salesianos. Aliás, esse fato será celebrado pela Missão Salesiana de Corumbá com uma Santa Missa em ação de graças no dia 19, quarta-feira, no Santuário Nossa Senhora Auxiliadora, às 19 horas.
UM EXEMPLO
Durante a cerimônia, quando o bispo João Batista Scalabrini também foi canonizado, o Papa Francisco falou sobre a trajetória de Artêmides. Destacou que o santo foi um exemplo vivo de gratidão e, quando curado da tuberculose, dedicou sua vida a favorecer o próximo e a cuidar com amor e ternura dos doentes. O Pontífice lembrou que viram Zatti carregar aos ombros, o corpo de um dos seus doentes.
“O irmão salesiano Artemide Zatti, com a sua bicicleta, foi um exemplo vivo. Cheio de gratidão por tudo o que havia recebido, quis dizer o seu ‘obrigado’, ocupando-se das feridas dos outros”, continuou.
No final da celebração, Francisco rezou a oração mariana, do Angelus. Ele também saudou os cardeais, bispos, sacerdotes e, especialmente, os missionários e missionárias de São Carlos Borromeu e os Irmãos Salesianos Coadjutores. Por fim, saudou e agradeceu as delegações oficiais.
Presença Salesiana
Durante o encontro da Família Salesiana com o Papa Francisco, o Reitor-Mor, Ángel Fernández Artime, destacou que 600 salesianos, do mundo inteiro, estavam presentes para a canonização de Artêmides Zatti.
O inspetor, Padre Justo Ernesto Piccinini, da Inspetoria Salesiana de São Paulo, o Padre Pedro André, atualmente em Roma, e os irmãos Marcelo Oliveira Santos, Vitor Aladic de Melo, Eduardo Toledo de Melo, Felipe Olsen Fernandes e Antonio Carlos Martins estiveram presentes.
Segundo o Padre Pedro André, foi um dia de festa. De acordo com ele, testemunhar a santidade de dois novos santos é uma graça de Deus e estar em Roma, no momento da canonização de um salesiano, é sentir a importância da santidade na vida dos cristãos.
“Artêmides Zatti nos convida a sermos pessoas boas, que se preocupam com os outros e servem a Deus, além daqueles que precisam de ajuda”, concluiu o padre.
BIOGRAFIA
Artêmides Zatti nasceu no dia 12 de outubro de 1880 em Boretto, província de Reggio Emilia, na Itália. A sua família era pobre e os seus pais trabalhavam como arrendatários para outras famílias, porém, pressionados pela pobreza, decidiram emigrar para a Argentina. Chegaram a Bahía Blanca, no dia 13 de fevereiro de 1897, e foi nesta cidade que Artêmides Zatti conheceu os Salesianos.
Zatti passava a maior parte do seu tempo livre na paróquia, que estava à responsabilidade dos Salesianos. Visitava os doentes, acompanhava funerais e ajudava nas missas como sacristão. Com toda essa vivência sentiu à vontade e o chamamento de se tornar salesiano. Tinha 20 anos quando ingressou no aspirantado de Berbal, tendo sido aceite como aspirante por Dom João Cagliero. Queria ser sacerdote.
Ao cuidar de doentes tuberculosos, contraiu também a doença. Pediu a Maria Auxiliadora a graça da cura, com a promessa de dedicar toda a vida ao cuidado dos doentes. Após uma consulta médica os superiores decidiram mandá-lo para Viedma. Era ainda aspirante.
Com a saúde reestabelecida, Zatti começou a trabalhar na farmácia anexa ao Hospital Missionário de São José, que era dirigido pelo padre Evágio Garrone. Naquela época, não era possível aos salesianos professarem caso tivessem alguma doença, assim, os superiores sugeriram que ele professasse como salesiano coadjutor.
Após refletir sobre sua vida, Zatti compreendeu a vontade de Deus. Percebeu que com a vocação de salesiano coadjutor poderia cumprir mais diretamente a promessa que tinha feito a Nossa Senhora. Provavelmente, como sacerdote não poderia doar-se de modo integral aos doentes, devido aos compromissos sacerdotais. Assim, em janeiro de 1908, fez os votos religiosos como salesiano coadjutor.
Foi um trabalhador incansável. No hospital foi administrador, cozinheiro, varredor e enfermeiro, sem nunca deixar de cumprir, com rigor, a vida religiosa comunitária. Quando os doentes não podiam deslocar-se ao hospital, Zatti ia ao seu encontro, numa bicicleta.
Todas as manhãs, durante a sua visita aos pacientes no hospital, cumprimentava-os com boa disposição: “Bom dia. Viva Jesus, José e Maria. Todos respiram?” O humor e a atenção próxima a cada doente, dizia o salesiano, eram também os seus remédios.
O salesiano coadjutor foi realmente um bom samaritano. A sua compaixão e a sua presença alegre curavam, o seu testemunho de fé e esperança, o seu zelo apostólico aos doentes, e o seu amor a Jesus levaram este servo de Deus à sua beatificação.
Zatti faleceu no dia 15 de março de 1951.
A sua vida é recordada no filme “Zatti, nosso irmão”, que foi apresentado no 8.º Congresso Internacional de Maria Auxiliadora, em Buenos Aires, em 2019, e teve a antestreia durante o Capítulo Geral 28, em 2020. (Com informações do site www.salesianos.pt)