Mato Grosso do Sul tem uma população de 434 mil pessoas trabalhando na informalidade e desse total, 67,5% estão concentrados no interior do Estado, enquanto os 32,5% estão na Capital, Campo Grande.
Os dados são de levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) referentes ao primeiro trimestre deste ano. Formam o contingente de informais os trabalhadores sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ e sem contribuição para a previdência oficial (empregadores e por conta própria) ou sem remuneração (auxiliam em trabalhos para a família). Em números absolutos, são 293 mil trabalhadores na condição de informalidade no interior de MS e 141 mil em Campo Grande.
O estudo, inédito, mostra ainda que o desemprego no interior do Estado é maior que o da Capital: a taxa de desocupação é de 10,1%, frente a 8,2% em Campo Grande e 9,2% da média estadual. Segundo o IBGE, entre os cinco Estados sem região metropolitana, apenas o interior do Mato Grosso do Sul tem a desocupação maior que a capital.
Para chegar a esse recorte territorial, o interior foi considerado como todos os municípios do Estado, excluída a região metropolitana, quando existir, e a capital. Na comparação com a taxa de desocupação do país, de 12,7%, apenas 10 regiões de interior tiveram desemprego maior que o índice nacional.
No entanto, destaca o IBGE, esses resultados não significam que as condições do mercado de trabalho sejam melhores fora dos grandes centros urbanos. No país, 62,4% das pessoas que trabalham na informalidade estão no interior, ou seja, 20,8 milhões de pessoas. No Brasil, 36,3% da população ocupada está em condição de informalidade.
Quanto à distribuição, a pesquisa detectou que a informalidade no interior é maior que nas regiões metropolitanas, mas isso só não acontece nos Estados de São Paulo e Santa Catarina. Em relação à proporção dessa população, o país tem 13 Estados com pelo menos metade de seus trabalhadores do interior em condições informais. Todos esses locais estão no Norte e Nordeste, sendo que o interior do Amazonas tem o maior percentual, com 71,7% de informais. Já o interior de Santa Catarina tem a menor taxa, com 19,4% de seus ocupados na informalidade. Em Mato Grosso do Sul, o percentual é de 34,2% da população ocupada no interior do Estado na informalidade.
Rendimento
Além da desocupação e da informalidade no interior, os microdados da PNAD Contínua mostram o rendimento médio desses locais no primeiro trimestre do ano. De acordo com a pesquisa, o rendimento mensal dos ocupados no interior equivale a menos da metade do recebido pelos trabalhadores das capitais de oito estados. A média do país é de R$ 2.291.
Mato Grosso do Sul está entre as regiões de interior com os maiores rendimentos, todos acima de R$ 2 mil (atrás de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, conforme o IBGE): no Estado, o rendimento médio real de todos os trabalhadores em atividade no interior, no período pesquisado, foi de R$ 2.110. No entanto, esse valor ainda é 89,1% menor que o rendimento médio estadual, de R$ 2.367. Já no caso da Capital, o ganho médio ficou em R$ 2.865, valor 121% maior que o rendimento médio estadual.
Entre as unidades da federação, a maior diferença encontrada foi no Espírito Santo. Enquanto um trabalhador do interior recebia R$ 1.725, um da capital ganhava R$ 4.653, a maior diferença encontrada, de RS 2.928. Já Rondônia teve a menor diferença, de R$ 514, onde o rendimento médio do interior foi de R$ 1.736, contra R$ 2.250 em Porto Velho.
Os menores ganhos mensais se concentraram no interior das regiões Norte e Nordeste, sendo o mais baixo no Amazonas, com rendimento médio de R$ 1.016.