Homem de 63 anos entrou em remissão após transplante de medula óssea durante tratamento para leucemia. Especialistas buscaram um doador que, além de compatível, fosse naturalmente resistente ao vírus causador da aids. Pesquisadores dos Estados Unidos divulgaram nesta quarta-feira (27/07) o quarto caso no mundo de um paciente considerado curado do HIV. Assim como nos três casos anteriores, o homem, na época com 63 anos, recebeu um transplante de medula óssea durante um tratamento para leucemia.
A revelação foi feita na Conferência Internacional de Aids, realizada em Montreal, no Canadá. Trata-se do paciente mais velho e o portador de HIV há mais tempo a ser curado.
Para o transplante, os médicos buscaram um doador que, além de compatível, fosse naturalmente resistente ao vírus causador da aids. O método funcionou pela primeira vez com Timothy Ray Brown, em 2007, conhecido como “paciente de Berlim”.
O homem está sendo chamado de paciente da Cidade da Esperança, em homenagem ao hospital onde foi tratado, em Duarte, na Califórnia – ele não quer ser identificado.
“Quando fui diagnosticado com HIV, em 1988, como muitos outros, pensei que era uma sentença de morte. Nunca pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV”, afirmou o paciente em comunicado.
Antes do transplante, ele fez terapia antirretroviral (ART) para controlar sua condição por mais de 30 anos. Após o transplante, ocorrido há três anos e meio, o paciente parou de tomar TAR em março de 2021. Agora, ele está em remissão do HIV e da leucemia há mais de 17 meses.
“Esperança contínua e inspiração”
Sharon Lewin, presidente da Sociedade Internacional da aids, disse que o caso fornece “esperança contínua e inspiração” para pessoas com HIV e a comunidade científica em geral.
No entanto, o tratamento continua sendo uma opção bastante improvável para a maioria das pessoas com HIV, devido à complexidade do procedimento e à dependência de doadores compatíveis. Desta forma, o tratamento só é recomendado para quem precisa do procedimento devido a um quadro avançado de câncer.
Os cientistas acreditam que o processo teve êxito porque as células-tronco do indivíduo doador têm uma mutação genética específica e rara. Isso significa que elas não possuem os receptores usados pelo HIV para infectar as células.