As operadoras Vivo, Claro e TIM – líderes do setor de telecomunicações no País – vão ativar as suas redes de internet móvel de quinta geração (5G) na faixa de 3,5 Ghz amanhã, em Brasília, logo depois que receberem o sinal verde da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O conselheiro da Anatel Moisés Moreira, que preside o grupo formado na agência reguladora para limpeza da faixa pela qual vão trafegar os sinais, anunciou ontem que o caminho estará livre para ativação do 5G na capital federal a partir de amanhã. Na sequência, será a vez de Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo – estas ainda sem data precisa para a ativação.
Na corrida para não perder a clientela, as companhias já realizaram a instalação de seus equipamentos com o objetivo de ligar o 5G imediatamente. Os consumidores não terão de mudar os planos nem os chips dos celulares para usar a nova tecnologia. Basta ter um aparelho apto a captar o sinal – o que ainda está restrito a um pedaço pequeno da população.
Atualmente, existem no Brasil 67 modelos de celulares capazes de rodar o 5G certificados e homologados pela Anatel. Até o fim do ano passado, eram apenas 40. As líderes em termos de variedade do portfólio são a Samsung (com 25 modelos), seguida de Motorola (14), Apple (9) e Xiaomi (6). Os preços partem de aproximadamente R$ 1,5 mil.
A Claro informou que o sinal do 5G estará disponível nas regiões do Plano Piloto e Lago Sul, chegando gradativamente a outras áreas do Distrito Federal. A tele acrescentou que já está preparada para a expansão gradativa nas demais capitais, assim que a Anatel der o aval. Pelos cálculos da operadora, cerca de 2 milhões de smartphones da sua base de assinantes são compatíveis com a nova tecnologia, o que representa 4% do total.
“Globalmente, espera-se que, em 2022, já serão vendidos mais aparelhos 5G do que 4G. No nosso portfólio, 70% dos aparelhos já são compatíveis com o 5G. Muitos consumidores pensam primeiro em ver a cobertura e as aplicações se tornarem realidade para depois trocarem o aparelho”, afirmou o diretor de marketing da Claro, Marcelo Carvalho. “Ou seja, é preciso primeiro colocar a banda na rua para depois virem os foliões.”
Vivo e TIM foram procuradas e confirmaram que vão ativar o 5G nas localidades assim que liberadas pela Anatel, mas não deram mais informações.
Além da propaganda
Claro, TIM e Vivo já oferecem há cerca de dois anos uma modalidade de conexão propagandeada como 5G, mas que chegou a ser alvo de contestação pelo próprio governo federal porque não entrega todos os benefícios esperados da nova tecnologia.
O que as empresas fizeram até aqui foi criar uma nova rede aproveitando um pedaço da faixa de 2,3 Ghz na qual já circulam os sinais do 4G. Esse modelo representou um avanço na conexão, mas permaneceu abaixo da velocidade alta de navegação e da latência mínima do 5G “puro”, que será ativado esta semana na rede de 3,5 Ghz arrematada no leilão realizado pela Anatel em novembro.
Após o leilão, a agência reguladora criou um grupo para garantir a limpeza da faixa contra interferências, o que consiste na migração do sinal de TV por antenas parabólicas da atual frequência, na banda C, para uma nova frequência, na banda KU. Na prática, equipes de campo estão instalando filtros nos equipamentos para fazer esse “desvio” no sinal.
A instalação dos filtros foi concluída em Brasília na sexta-feira, dia 1.º, segundo o conselheiro Moreira. A cidade saiu na frente porque havia por lá menos antenas a serem adaptadas em comparação com as demais capitais. Ao longo do fim de semana, foram feitos testes com a ativação parcial e controlada do 5G, e, mesmo assim, foram registradas interferências entre o sinal de internet e o de TV – o que exigiu novos ajustes técnicos.
Por isso, Brasília está sendo considerada um projeto-piloto para ativação do 5G. A partir da experiência no local, podem surgir novas exigências técnicas a serem implantadas nas próximas capitais. Moreira disse que Belo Horizonte tende a ser a próxima na qual a nova geração de internet será ativada, seguida por Porto Alegre e São Paulo, mas ainda sem uma data definida. “Depois de Brasília, as outras cidades virão com mais facilidade”, afirmou Moreira.
Prazos
No fim das contas, a ativação do 5G em Brasília vai acontecer dentro do prazo estabelecido inicialmente no edital do leilão, mesmo após as dificuldades logísticas enfrentadas recentemente. Nas outras capitais, isso permanece incerto e deve acontecer em datas variadas, até o fim de setembro. A ativação do 5G nas capitais estava originalmente prevista para ocorrer até 31 de julho, mas o grupo da Anatel pediu a prorrogação por mais 60 dias por causa da lentidão da chegada dos filtros importados da China.
Revolução mais veloz
Velocidade
Em termos de velocidade, a internet 5G significará um grande passo em relação ao 4G, passando de 1 gigabit para 10 gigabits por segundo.
Latência
Mais do que a velocidade, no entanto, a revolução do 5G será na chamada latência – a redução do tempo entre a solicitação do usuário e a “resposta” da tecnologia.
Atalho
No quesito latência, o avanço é muito maior. No 4G, o tempo médio de latência é de 50 milissegundos; com a tecnologia de quinta geração, esse tempo será reduzido para apenas 1 milissegundo.
Benefícios
Esse tempo de resposta mais rápido da tecnologia é importante, por exemplo, para os recursos dos carros autônomos; quando o sinal 5G detecta um obstáculo na estrada, ele “avisa” o carro sem motorista de forma bem mais rápida, permitindo que ele desvie e evite acidentes.
Outras aplicações
Esse tempo de resposta quase simultâneo também permitirá que médicos façam cirurgias a distância, uma vez que os braços mecânicos vão responder aos comandos na mesma hora.
Internet das coisas
A ideia é que todos os aparelhos tenham sensores 5G – os fabricantes querem que o custo e o consumo de energia sejam baixos para garantir a popularização da tecnologia e viabilizar sua instalação nos aparelhos mais corriqueiros.
Nas nuvens
Para os fãs de games, a latência menor é uma boa notícia, pois isso significará que os games não deverão mais “travar” por causa de uma conexão instável; além disso, os jogos poderão ficar na nuvem, e não mais armazenados no console.