A sessão plenária mista, realizada de forma presencial e virtual, pelos deputados estaduais de Mato Grosso do Sul, foi palco de uma cena inusitada. Criada durante a pandemia e mantida com o objetivo de que parlamentares em trânsito devido a compromissos oficiais pudessem participar das votações, foi utilizada de uma forma claramente fora do propósito na manhã desta terça-feira, 17 de maio pelo deputado João Henrique (PL).
Foi durante a votação do Projeto de Lei 417/2021, de autoria dos deputados João Henrique e Coronel David, ambos do Partido Liberal (PL), dispõe sobre o reconhecimento, em Mato Grosso do Sul, do risco da atividade de atirador desportivo integrante de entidades de desporto legalmente constituídas, com a finalidade de contribuir com os interessados em retirar o porte de armas de fogo, nos termos do inciso IX do artigo 6° da Lei Federal 10.826/2003.
João Henrique, que estava em uma espécie de fazenda ou chácara, votou a favor e disse que “um povo armado não é escravizado”. Depois, a pessoa que gravava sua participação se afastou e ele deu tiros em um alvo montado no terreno.
A atitude foi reprovada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Corrêa (PSDB), que disse: “isso não pode, aí não”.
O Deputado Paulo Duarte (PSB), em sua declaração de voto, manifestou sua indignação com a atitude do parlamentar e repudiou a ação do deputado que foi transmitida ao vivo pela TV assembleia.
“Para que isso, para quê essa agressão? Quer dizer que quem vota contra é bandido? É comunista? Completamente desnecessário. Tem tanta violência já”, disse o deputado Paulo Duarte (PSB), que acrescentou que se sentiu agredido.
Duarte seguiu reprovando a situação. “Pode discordar a vontade do meu voto, mas se não é para vir armado aqui? Dar tiro? Sair na porrada? O que nós vimos aqui é incitar a violência. Qual é a lógica disso? Eu nunca vi isso e repudio esse tipo de atitude.”
O parlamentar exigiu que haja respeito na Casa de Leis, e citou exemplos de colegas que debatem e não usam da violência. “Dando uma de machão. Ninguém é mais homem do que ninguém. Ninguém é mais mulher do que ninguém, e ninguém é mais humano que ninguém.”
Pedro Kemp, do PT, afirmou que a atitude de João Henrique foi totalmente desrespeitosa, e que também se sentiu agredido.
“Vossa excelência foi ridículo, e desrespeitou o parlamento. Estamos numa sessão de um Parlamento sul-mato-grossense. Me senti agredido, e o parlamento foi agredido. Foi um teatrinho que vossa excelência fez.”
O petista reafirmou que temas como a fome e a miséria que deveriam estar sendo debatidos, e não armas. Pedro citou o exemplo, do último final de semana, em que o filho da secretária de Desenvolvimento de Jardim, Pedro Henrique, foi armado até uma boate e morreu após trocar tiro com policiais.
“Volta para escola e vai estudar o que é comunismo. Só na cabeça de vossa excelência e daquele energúmeno que está sentando na cadeira da presidência. Nunca teve comunismo no Brasil”, disse Kemp.