Corumbá (MS)- Apesar de estar previsto dentro da constituição federal, a convocação de uma paralisação trabalhista em protesto pelo atraso salarial de trabalhadores da enfermagem que atuam na Santa Casa de Corumbá, estaria sendo motivo de perseguição realizada pela administração hospitalar.
É o que denunciam trabalhadores da enfermagem que atuam na Santa Casa de Misericórdia de Corumbá, após a repercussão da matéria divulgada pelo site Folha MS, mostrando o atraso no pagamento de servidores que atuam na unidade.
Os atrasos salariais que na atual administração indicada pelo prefeito Marcelo Iunes para comandar a junta interventora se tornou recorrente, gerou uma mobilização do sindicato da categoria que após serem informados do novo atraso no pagamento, convocou uma assembleia para definição de uma possível paralisação.
Conforme informações repassadas por servidores que preferem não se identificar, trabalhadores que teriam compartilhado o link da matéria e o banner do sindicato com a convocação da assembleia, teriam, como represália, sido convocados a comparecerem no setor de Recursos Humanos para assinarem o aviso prévio.
“Coincidentemente os demitidos são as pessoas que postaram em suas redes sociais a convocação para assembleia que ia definir pela paralisação ou não, e também o link da matéria que mostrava o atraso nos pagamentos”, disse uma das servidoras à reportagem do Folha MS
“Foi instaurado uma verdadeira lei da mordaça dentro da Santa Casa de Corumbá, a administração faz o que bem quer e quem se contrapõe ou se demonstra insatisfeito com a administração passa a ser perseguido e sofre represálias como estamos vendo hoje” afirmou outro servidor.
Ouça um dos áudios enviados para reportagem
A reportagem teve acesso a documentos entregues pela administração hospitalar aos servidores que teriam compartilhado nas redes sociais a convocação de assembleia para tratar dos constantes atrasos no pagamento, comunicando sobre o encerramento imediato do vínculo de prestação de serviços com a unidade.
O aviso prévio é datado justamente no mesmo dia em que a reportagem foi ao ar e que o conteúdo foi compartilhado pelos servidores que cobravam apenas o seu direito de receber pelo serviço prestado. A documentação é assinada pelo Diretor Administrativo da unidade André Luiz dos Santos.
A reportagem tentou contato telefônico com o administrador e a exemplo do que ocorreu sobre o pedido de informações quanto aos atrasos salariais, não obteve nenhum retorno até a publicação desta matéria.
A reportagem também entrou em contato com o sindicato da categoria, responsável pela convocação da assembleia. Em nota, o SIEMS informou que já tomou ciência dos fatos e analisa as informações junto ao setor jurídico para tomar as medidas legais cabíveis.
Outros casos
Não é a primeira vez que a cobrança de salários atrasados e denuncias referente a atitude tomada pela administração hospitalar, gerem repercussão negativa.
Em setembro de 2021, uma enfermeira de 31 anos, procurou a Delegacia de Polícia Civil para denunciar a agressão sofrida por parte do diretor administrativo da unidade. As agressões tiveram como motivação o fato da mulher ter cobrado o pagamento do salário referente ao mês trabalhado e que até a data do registro da ocorrência não teria sido pago.
A enfermeira contou que ao se dirigir até a administração para cobrar informações sobre o pagamento da sua rescisão contratual, foi atendida de forma ríspida pelo administrador que então passou a empurra-la.
“Ele começou a gritar comigo, e me humilhar na frente das pessoas, me expôs e quando perguntei sobre o pagamento do meu salário me empurrou com força segurando pelos braços. Quando mandou que me tirassem de lá, os funcionários ficaram sem reação, todos me conhecem, não tinha motivo para essa agressividade, mas temendo pelo emprego me encaminharam para fora, nunca fui tão humilhada” contou.
Em resposta, na época dos fatos a direção negou a as acusações e disse que também registraria um boletim contra a ex-funcionária.