Corumbá (MS)- Um mês após ter o orçamento estimado em R$ 785 milhões para o ano de 2022 aprovado, o prefeito Marcelo Iunes, se valendo da quase inexistência de oposição dentro da Câmara Municipal de Corumbá, apresentou um projeto de lei com pedido de abertura de crédito adicional, no valor de R$ 227 milhões de reais no orçamento de 2022.
Apesar do recesso, o presidente do poder legislativo, vereador Roberto Façanha, convocou uma sessão extraordinária para atender ao estimado pedido do prefeito Marcelo Iunes.
No melhor estilo clichê “Seu pedido é uma ordem” do famoso seriado do Gênio da Lâmpada e com apenas dois votos contrários, da vereadora Raquel Bryk (Progressistas) e Chicão Vianna (PSD), a Câmara Municipal atendeu a solicitação feita pelo prefeito concedendo ao chefe do poder executivo, um crédito adicional de 30% ao orçamento anual.
A alteração confere ao prefeito por exemplo, conforme consta no paragrafo único do texto enviado à Câmara Municipal, a autorização para que a prefeitura crie novos elementos de despesas que não foram previstas, nos programas apresentados e aprovados em Dezembro, dentro da Lei Orçamentária Anual.
A medida foi defendida enfaticamente pelo vereador Alex Della, – acusado pela Polícia Federal de fazer parte de um esquema de compra de votos (até com fornecimento de marmitex)–, que o elegeu na campanha eleitoral de 2020 e hoje, foi escolhido pelo seu padrinho político como líder do governo municipal dentro da casa de leis.
Já para Chicão Vianna, a aprovação do crédito, contraria os princípios que regem os deveres legislativos de fiscalização ao poder executivo.
“O que estão fazendo aqui é literalmente assinar um cheque em branco que pode chegar a quase R$ 300 milhões de reais, custeados pelo povo e entregar nas mãos do prefeito para ele fazer o que quiser, sem transparência e principalmente, se eximindo do dever de prestar contas para esta casa”, pontuou.
Chicão ainda criticou a forma como a prefeitura vem apresentando seus projetos que envolvem a liberação e aprovação de recursos dentro da Câmara Municipal.
“Não podemos ficar atendendo esses projetos que nos chegam de última hora”, concluiu.
A vereadora Raquel Bryk, pontou que a aprovação de um crédito adicional de 30%, é um artifício utilizado pelo poder executivo, como uma forma de criar gastos sem a necessidade de se passar pelo crivo da aprovação legislativa.
“A liberação de verbas adicionais para o município, devem ser feitas de maneira como as demandas surgem, e não liberando de uma única vez 30% do valor total do orçamento. Não estamos querendo atrapalhar, apenas cumprindo nosso papel e estipulando um percentual menor, de 10% para, caso o município tenha uma demanda que supere esse percentual, nos comunique e justifique os motivos”, afirmou a parlamentar.
A insatisfação e repúdios dos dois únicos vereadores contrários a liberação do pedido milionário feito por Marcelo Iunes aos seus “súditos escudeiros” foi postada em suas redes sociais.