Em mais um capítulo da crise no funcionalismo público, titulares de comissões gerenciais do Banco Central (BC) começaram a entregar os cargos na segunda-feira (3/01). Nos próximos dias, será realizada uma série de reuniões virtuais com gestores responsáveis por vários setores da instituição para convencer o maior número possível de servidores a aderir ao ato. Para o dia 18, está marcado um protesto, em Brasília, pela reestruturação da carreira.
A mobilização do funcionalismo é uma contrapartida à decisão do governo de reservar R$ 1,7 bilhão do Orçamento de 2022 para reajuste salarial apenas aos servidores da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional.
De acordo com o Sindicato dos Funcionários do Banco Central (Sinal), a instituição tem cerca de 500 cargos comissionados. A intenção é, também, convencer os suplentes a não assumirem os postos que ficarão vagos. “Todo departamento do Banco Central tem uma função gerencial, composta por pessoas que têm caneta para gerenciar fluxo de trabalho. A ideia é que, com essa entrega dos cargos, alguns serviços do banco fiquem paralisados”, ressaltou Fábio Faiad, presidente do Sinal. A entidade cobra que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, entre em campo para defender os interesses da categoria.
Faiad também é vice-presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), que reúne diversos sindicatos de servidores (200 mil no total entre associados federais e estaduais), entre eles, o do próprio BC.
O Fonacate, representante da elite do funcionalismo, organiza uma paralisação nacional de todas as categorias federais também no dia 18. O presidente da entidade, Rudinei Marques, explicou que a janela disponível para incluir o reajuste salarial no Orçamento 2022 é curta por ser este um ano eleitoral.
“Estamos vendo várias categorias do funcionalismo se mobilizando e articulando para aumentar a pressão em prol da campanha salarial de 2022. Teremos uma janela curta, de três meses, e as próximas semanas serão decisivas”, enfatizou Marques. “No dia 18 de janeiro, faremos um primeiro protesto nacional, buscando reposição das perdas inflacionárias nos últimos cinco anos. Se essa primeira manifestação não for suficiente para abrir um canal de diálogo com o governo, nós já temos um calendário de mobilizações para semanas subsequentes.”
Apagão
Outro grupo integrante da elite dos servidores, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), um dos primeiros a se manifestar contra o reajuste apenas às forças de segurança, também registrou aumento nas paralisações. A última atualização na entrega de cargos saltou de 951, na semana passada, para 1.237 neste início de semana.
Com contingente suficiente para causar um apagão na máquina pública, lideranças do chamado carreirão — composto por 80% dos servidores públicos federais — também avançam em negociações para uma grande paralisação. Segundo o presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo, haverá uma reunião no dia 14 para definir datas e paralisações. Há possibilidade de as carreiras vinculadas ao Condsef aderirem ao protesto nacional do dia 18.