Pesquisadores do Instituto Reprocon (Reprodução para Conservação), encontraram na última semana, duas onças-pintadas e outros 17 animais, entre entre urubus, gavião carcará, cachorro-do-mato e centenas de moscas, todos mortos, em meio ao Pantanal de Corumbá.
De acordo com informações, a suspeita é de uso indevido de defensores agrícolas proibidos dentro do mercado brasileiro.
Entre os felinos, estava um jaguar macho adulto de aproximadamente 140 quilos encontrado ao acaso no caminho para a localização da onça pintada “Sandro”, que até então recebia monitoramento via colar de radiotelemetria e GPS pelo Reprocon. Ambos não possuíam marcas de tiro, briga ou outros sinais de abatimento. A missão de busca pela coleira aconteceu no último fim de semana.
Conforme Pedro Nacib, 36 anos, pesquisador e médico veterinário do instituto, no início de maio o colar havia acusado a morte de Sandro – isso por meio de análise de padrões de movimentação da onça. Entretanto, só foi possível ir presencialmente até o local no sábado do dia 12 de junho – um mês depois. Foi então que o outro felino não-monitorado pelo Reprocon, além de outros 17 animais, foram todos encontrados mortos.
“O colar traz informações muito importantes em relação ao comportamento da onça pintada, como hábitos de alimentação e reprodutivos, por exemplo. Ajuda a estudar e entender o por quê é que ocasionalmente o animal ataca o gado”, esclarece o pesquisador. Pedro complementa que o monitoramento permite mapear a chamada cluster zone, que nada mais é a área onde a onça faz sua alimentação.
Notificados, os órgãos responsáveis, a Polícia Federal entrou em contato para que a equipe do instituto retornasse ao local, desta vez na companhia do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Segundo análise dos agentes de fiscalização, a suspeita de uso de veneno ilegal proveniente da fronteira “é forte”.
“Caso seja comprovada essa hipótese, sem dúvida se trata de algo criminoso e cruel. Esse tipo de veneno pode deixar resíduos tanto na carcaça quanto no solo por pelo menos 6 meses – o que fica caracterizado pela maneira com que os animais morreram e foram encontrados. Quem fez isso sabia o que ocorreria com quem tivesse contato”, afirma Pedro.
Na ocasião, foi feita a coleta de materiais biológicos para análise em laboratório pelos agentes. A propriedade rural onde todos os animais foram encontrados já foi notificada e responderá legalmente pelo ocorrido.
“A realidade é que tanto o agricultor quanto o pecuarista fazem parte de toda a camada de conservação ambiental. Hoje em dia, nós ambientalistas dialogamos com eles para levar conhecimento e informações, principalmente de como é possível continuar produzir e conservar ao mesmo tempo, de modo que a onça não se trate de um problema. Caso contrário, situações como essa continuarão acontecendo”, finaliza o médico veterinário.
As informações são do site O Pantaneiro