Brasileiros são presos no Acre acusados de matar família boliviana que denunciou estupro

No momento, você está visualizando Brasileiros são presos no Acre acusados de matar família boliviana que denunciou estupro
Policiais buscaram corpos de bolivianos na mata por mais de 36 horas
  • Autor do post:
  • Post publicado:17 de setembro de 2020

A Polícia Civil do Acre investiga uma chacina cometida contra uma família boliviana em Cobija, cidade que faz fronteira com o Brasil. Três corpos foram achados anteontem com marcas de tiros em um seringal da região. Uma das vítimas, de 13 anos, sobreviveu aos disparos, acionou o socorro e indicou a autoria do crime, cujos suspeitos são brasileiros.

O caso ocorreu por volta das 7h de domingo (13). O inquérito aponta que a garota de 13 anos foi vítima de estupro cometido por um brasileiro de Acrelândia (AC) que extraía madeira na propriedade onde a família dela morava, em Cobija, na Bolívia. O pai da vítima flagrou o abuso sexual ao retornar da lavoura. O boliviano desferiu um golpe de madeira no brasileiro, amarrou o suspeito em uma árvore e se dirigiu à sede do município para acionar a polícia.

De acordo com a polícia, o suspeito de estupro estava acompanhado de um parente, que conseguiu fugir e voltou para casa para pedir ajuda no resgate. Pelo menos seis brasileiros que moram na região rural de Acrelândia se dirigiram ao local e conseguiram desamarrar o suspeito pelo estupro enquanto o pai da vítima ainda buscava socorro policial na Bolívia. Ainda de acordo com os investigadores, as famílias se conhecem.

“Os familiares já estavam retornando para o lado brasileiro. No percurso, o que correu para pedir ajuda no resgate do suspeito do abuso sexual decidiu voltar à casa dos bolivianos para pegar as espingardas apreendidas pela família da vítima. Lá, houve uma discussão com a mãe da vítima e os assassinatos se desencadearam”, relatou o tenente Dário da Almeida, da PM (Polícia Militar) do Acre.

A mãe da vítima de estupro tentou proteger a família e levou um tiro. A bala atravessou o corpo e atingiu um filho adolescente, que foi atingido por um segundo disparo e não resistiu. Outro filho dela também morreu a tiros ao ser flagrado filmando o crime. Os mortos não tiveram a idade revelada porque, segundo a Polícia Civil, estavam sem documentos. Todos permaneceram em território boliviano.

Vítima de estupro sobrevive

A vítima de estupro também filmava a ação escondida, mas acabou sendo vista pelos suspeitos. Eles a balearam, acreditaram que estaria morta e a esconderam com os corpos dos três familiares mortos no meio do seringal. A garota, no entanto, sobreviveu e conseguiu chegar à margem do rio Abunã para pedir socorro. O pai dela retornava no momento e a levou para atendimento médico.

Ela está internada no Pronto-Socorro de Rio Branco (AC) em estado grave. De acordo com a Polícia Civil, pelo menos duas pessoas da família do suspeito de estupro participaram das execuções dos bolivianos. Eles foram presos no mesmo dia do crime. Um terceiro ainda é procurado. A investigação ainda não sabe se o suspeito do abuso sexual participou dos assassinatos. “Eles pensavam que a menina também estava morta. A investigação partiu da sobrevivência da garota. Ela conseguiu identificar o suspeito e a partir disso iniciamos o inquérito para prender os participantes dos assassinatos e elucidar o crime”, comentou o delegado Danilo César de Almeida

Família teve casa queimada e corpos ocultados

Um vídeo gravado pela Polícia Militar do Acre mostra a casa dos bolivianos totalmente destruída. A suspeita é de que os brasileiros tenham retornado mais uma vez ao local para incendiar a residência enquanto o pai da vítima de estupro a levava ao hospital. Ao serem notificadas, a PM e Polícia Civil de Plácido de Castro montaram uma força-tarefa e se deslocaram até o seringal para achar os corpos da família, pois a garota não lembrava o local exato da ocultação dos cadáveres. Uma equipe de oito homens atuou 36 horas na mata até encontrarem os corpos. A operação contou com apoio da polícia boliviana e colonos da região

De acordo com a Polícia Civil, apesar de os brasileiros terem cometido o crime em território boliviano, a investigação e o julgamento ocorrerão no Acre por ser o local da captura. Eles deverão ser indiciados por homicídio, estupro e ocultação. Os suspeitos ainda não constituíram advogados.