Governo Federal anuncia R$ 7,5 milhões para modernizar Hemorrede de Mato Grosso do Sul
A Hemorrede de Mato Grosso do Sul receberá 39 equipamentos de alta tecnologia, em aporte de R$ 7,5 milhões do governo federal, para ampliar a qualidade e a capacidade de armazenamento do plasma destinado à produção de medicamentos.
Os novos aparelhos serão instalados em dez municípios do estado, beneficiando Campo Grande, Aquidauana, Corumbá, Coxim, Dourados, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

O anúncio integra uma remessa nacional de 604 equipamentos, que inclui blast-freezers, ultrafreezers e freezers, e visa elevar em cerca de 30% o aproveitamento inicial do plasma coletado, reduzindo a necessidade de importação e gerando uma economia estimada em R$ 260 milhões por ano para o governo do Brasil.
O comunicado foi feito pelo ministro da Saúde Alexandre Padilha quando explicou os efeitos da modernização sobre a cadeia de produção de hemoderivados.
“Durante muito tempo, o Brasil não produzia os fatores que derivam do plasma e tínhamos que importar o tempo todo, gerando insegurança para quem tem doenças que dependem dos hemoderivados. Cada vez mais, as imunoglobulinas são utilizadas não só para doenças infecciosas, mas para outros tipos de doenças também — as imunoglobulinas hiperimunes. É um passo muito importante no cuidado à saúde para salvar a vida de tantas pessoas”
Os equipamentos entregues permitem o congelamento em temperaturas extremamente baixas, da ordem de –30°C, requisito essencial para preservar as proteínas do plasma que são transformadas em medicamentos como imunoglobulinas, albumina e fatores de coagulação.
Com maior capacidade de congelamento e armazenamento, a matéria-prima chegará em condições ideais à nova fábrica da Hemobrás, inaugurada em 2025, que terá potencial para processar até 500 mil litros de plasma por ano quando operando em plena capacidade.
O ministro detalhou a ligação entre a infraestrutura e a produção industrial ao reforçar a importância do acondicionamento rápido e adequado do plasma.
“Para você ter cada vez mais desenvolvimento de novas tecnologias para a imunoglobulina, nós construímos a Hemobrás, que passou a ter soberania nacional. E um dos passos importantes para o funcionamento da Hemobrás — para a gente aumentar a nossa soberania é guardar bem esse plasma. Esse plasma precisa ser bem-acondicionado, de forma rápida, congelado em condições adequadas após o processamento industrial”

Segundo informações oficiais, a aquisição integra o programa alinhado ao Agora Tem Especialistas e ao Novo PAC Saúde, com aporte de R$ 116 milhões para modernizar 125 serviços de hemoterapia em 22 unidades da federação.
As entregas já começaram e a previsão é que a totalidade dos aparelhos esteja instalada até o primeiro trimestre de 2026, ampliando a capacidade de coleta industrial e o volume de plasma disponível para a Hemobrás.
Entre 2022 e 2025 a disponibilização de plasma pelas unidades da Hemorrede para a Hemobrás saltou de 62,4 mil litros para 242,1 mil litros, um aumento de 288% no período, dados que indicam crescimento progressivo da produção nacional.

O fortalecimento da rede pública também ocorre em um contexto de doação voluntária, com mais de 3,3 milhões de bolsas coletadas no país em 2024, equivalente a 1,6% da população brasileira, e com apenas 13% do plasma coletado sendo utilizado em transfusões, o que deixa 87% passível de destinação à produção de hemoderivados.
O ministro ressaltou ainda o papel da Hemorrede Pública Brasileira e da Fiocruz na elevação dos padrões de segurança e capacidade nacional.
“A Fiocruz receberá um grande investimento para uma nova fábrica em Santa Cruz, através de uma parceria público-privada, com previsão de investimento de 5 bilhões de reais e potencial para aumentar o PIB do estado do Rio de Janeiro em 1%”
A Rede de Testes de Ácido Nucleico, conhecida como Rede NAT, está implementada nos hemocentros públicos desde 2011 e realiza cerca de 3,5 milhões de análises por ano, aplicando tecnologia nacional como o kit NAT Plus de Bio-Manguinhos/Fiocruz, capaz de detectar malária além de HIV e hepatites B e C.
A modernização da Hemorrede de Mato Grosso do Sul faz parte de um esforço nacional para reduzir dependência externa, ampliar a oferta de medicamentos estratégicos para o SUS e garantir maior segurança no abastecimento para tratamentos de hemofilia, imunodeficiências e cirurgias de grande porte.

