Estudo aponta que 1 em cada 5 empregos no Brasil é afetado pela IA
Um levantamento da LiveCareer Brasil aponta que, no país, cerca de 1 em cada 5 empregos pode ser impactado pela inteligência artificial. O estudo reúne dados que indicam que 12,9% das ocupações têm potencial para registrar ganhos de produtividade com IA generativa, 2,38% correm risco de substituição total e 21,58% se situam em uma zona cinzenta em que a tecnologia tanto pode eliminar quanto valorizar funções, conforme o relatório da OIT (2024).
Complementando o panorama, pesquisa da PwC (2024) identificou que as áreas mais expostas à automação apresentaram elevações na produtividade de até 4,8 vezes, porém esses ganhos tendem a ficar restritos a setores urbanos e ao mercado formal, beneficiando trabalhadores com maior nível de escolaridade e renda.
A percepção dos profissionais no mercado revela a tensão entre risco e oportunidade. Levantamento da Page Interim mostra que 76,6% dos trabalhadores brasileiros acreditam que a IA substituirá seus empregos, enquanto pesquisa da Read AI (2025) aponta que 90% enxergam a tecnologia como capaz de aumentar sua eficácia.
O documento destaca também desafios estruturais que podem ampliar impactos negativos, entre eles a cibersegurança, a necessidade de requalificação profissional e a persistente desigualdade social. Segundo a análise, mulheres e jovens empregados em setores formais correm maior risco de substituição, e quase metade das vagas que poderiam se beneficiar da IA esbarra na falta de infraestrutura digital.
Para mitigar efeitos adversos, a LiveCareer recomenda políticas públicas direcionadas à requalificação contínua da força de trabalho, à inclusão digital e à redução das desigualdades de gênero e de acesso, medidas entendidas como essenciais para distribuir melhor os ganhos trazidos pela automação.
A própria análise aponta que a difusão da tecnologia cria espaço para novas ocupações e competências, citando exemplos como engenheiros de prompt, analistas de ética de dados, curadores de informação e educadores em IA, funções que devem integrar a transição entre atividades humanas e processos automatizados.
Beatriz Negreiros Gemignani, autora da análise e conselheira de carreira da LiveCareer, sintetiza o cenário traçado pelas estatísticas e ressalta a importância da qualificação alinhada ao ritmo das mudanças. “A inteligência artificial não é apenas uma ameaça ou uma promessa — é um divisor de oportunidades. A diferença estará na capacidade de adaptação e qualificação dos profissionais” Ao relacionar riscos e oportunidades, ela reforça que a resposta exige coordenação entre poder público, empresas e trabalhadores.
Ao projetar o futuro do trabalho, Gemignani destaca a combinação entre competências humanas e ferramentas digitais como elemento central na competição profissional. “O futuro do trabalho será híbrido entre humano e artificial. O profissional que compreender essa dinâmica sairá na frente” A especialista acrescenta que essa compreensão depende de atualização constante e de políticas que ampliem o acesso às novas qualificações.
O levantamento foi divulgado nos dias 13 e 14 de novembro, com atividades realizadas das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h30, segundo a LiveCareer Brasil, que assinou a análise intitulada “IA no mercado de trabalho: perspectivas e desafios 2025/26”.
